segunda-feira, 4 de outubro de 2010

I Don't Wanna Miss A Thing




Guardo isso porque talvez seja a única maneira de saber que ainda estas vivo. Que ainda tem algo aqui, pertinho de mim. Talvez guardamos as coisas para jamais esquecer, para eternizar. Para ficar para sempre na memória, e quando sentimos aquele cheiro, um vento batendo leve, sempre remete a alguém. Às vezes eu penso com tanto sentimento em meus olhos, com lágrimas que custam a deslizar pelo meu semblante, que eu deveria de ter acabado já com isso. Porém todas as suas lembranças em mim são guardadas e remontadas com tanta força e com uma maciez que faz minha alma se sentir ainda viva, de uma maneira diferente de achar vida em meio a perdas. Em meio a tantas brigas constantes com o próprio ser, que machuca por querer-te aqui, perto, sempre mais aguçado na minha memória.

“Eu guardei o livro todo esse tempo, para ter alguma lembrança sua.” (Três vezes amor)

E é assim que se faz a memória remontar fatos. Toda a vez que se guarda algo de alguém que se ama, que se quer. Talvez seja a esperança quase morta de que algo volte a acontecer, que algo volta a esta vivo como antes era. Viver numa redoma de vidro somente por ter aquilo ali em mãos. E assim como em filme, queremos nosso final feliz com quem amamos. Queremos sempre o “felizes para sempre” com quem sonhamos, e planejamos muitas vezes em diferentes idades, cenas, desejos, e músicas para marcarem o momento. Com alguma amargura de umas cenas que poderiam ser deletadas do meu filme, que remetem as tristes lágrimas que me correram por não estar mais contigo. Muitas felicidades e sorrisos sem explicação, lembrando de que em algum dia, alguma hora, naquele tempo eu tinha apenas o objetivo de ser feliz ao teu lado. De ter a tua presença junto a minha, as tuas palavras entrelaçadas as minhas, os teus olhos colados aos meus, e algum resquício de amor, que poderia ser mero e breve, mas que conseguiu me prender. Poderia ser falso, mas conseguiu me enganar. Poderia ser temporário, com tempo de validade e horário exato para acabar, mas no tempo em que sobreviveu me fez momentos de êxtase.

Eu guardei “isso” por todo esse tempo, para ter alguma palavra sua, alguma imagem sua, alguma ligação contigo, algum afeto por ti, para jamais te esquecer. Eu queria te ter junto a mim, mas como não é possível, e não há alguma possibilidade ainda, tenho isso comigo, para te ter. Para ter o que jamais foi meu, e o que eu nunca posso perder. Para ter uma lembrança sua, alguma recordação que me levasse diretamente aos teus braços. Sou eloqüente e passional fácil, mas que tudo isso é de sentimento verdadeiro. Nunca menti sobre o que sentia, nem para você, nem para ninguém. Mas já menti muito para mim, menti quando tentei dizer para meu coração que não te amava, que nunca te desejei, que nunca o quis aqui, ao meu lado, completando o espaço vago do meu sofá da sala. Que completasse a cadeira solitária que estava em minha frente na mesa do restaurante. Que completasse a minha frase inacabada, que esperava pelas tuas palavras.

Não queria qualquer um, ou por qualquer coisa. Queria você, que me entendeu, que brigou comigo, que me deixou sozinha quando eu precisava, e que soube a sua hora de voltar. Porém ainda não compreendeu que eu ainda te amo, e que te aguardo. Não te aguardo pelo tempo da eternidade, porque tudo tem um final, mas que seja eterno enquanto dure. E que perdure muito esse amor por dentro de mim, que corre junto ao sangue e que me esvai em felicidade. Que me deixa nos exageros das palavras, e que não me deixa achar expressões para descrever o que não sinto, não cheiro, não tenho, que eu apenas imagino. Só sei que, no exagero de minhas míseras palavras, nelas estão contidas os mais sinceros sentimentos de alguém que ama torto, que não se mexe muito, mas que tem um vasto coração,e um mundo todo imaginário nas mãos.