sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor






Escrevo porque nada mais me completa, porque nada mais me faz expressar. Escrevo por nesta forma tomo conta do mundo, da pessoa que eu quero criar. Escrevo porque simplesmente nesse mundo não há regras, não há ferida que não cesse, não há dia que tenha vinte e quatro horas. Escrevo porque é mais fácil escrever do que ter que falar pessoalmente qualquer coisa que eu sinta. Escrevo porque escrevendo vai se abrindo e descobrindo que cada palavra no papel, unida com outro ponto e letra, se torna a mais atraente forma de eu continuar dizendo que ainda tenho gosto por ti. Escrevo porque tem dias em que as palavras parecem não sair, e fica difícil passar que te amo. Escrevo porque seria mais complicado eu tentar resumir em poucas palavras o que toma conta há tempos. Só não te nego amor!



Meu bem, você me dá um nervoso que nem consegue imaginar. É um pleno rompimento de ar, um turbilhão de excitação e sensação de estar completamente bem enquanto o mundo pode desabar ao meu lado. Um querer, já pertencendo, e uma tal pertencida, enlouquecida, destruída, remoída, contorcida. Pertencente ao teu mais calmo respirar, ao mais doentio ódio crescente. Apenas tua.


Eu me lembro de algumas várias palavras trocadas, dos olhares, dos silêncios, dos que não foram, do que não se disse, do que calou para a eternidade julgar. Não quero ser obsessiva, mas é tão recente, um freqüente desacato a minha própria dor que não cessa, não obedece ao tentar deixá-la mais calma. E nem é a dor de coração partido, quebrado, destruído. Coração bomba. É a dor de esperar. Espera-se porque se quer. Sofre-se porque se querer. A boa nova, não sofro por ti, porque se sofresse seria algo ruim, somente se sofre por algo que dói, que machuca. E você, você não me machuca, não me olhas com jeito maldoso. Se me machucasse não te amaria. Apenas me ferem essas esperas. Essas buscas. Essas formas ininterruptas de ficar num silêncio contido.

Ah, esses silêncios, tenho um certo ciúmes deles. De eles ficarem tão perto de ti, juntinho a ti. Chega a ser estressante quando calamos. Calamos logo consentimos. Injusto ter que esperar por algo que se quer, não é injusto, chega a ser desmotivador. Mas pensando por outro lado, esperar por ti, é sempre algo tão emocionante, porque se fica na ansiedade de não saber o que vai ser, e de ficar dias deitada na grama imaginando que algo tão surpreendente pode acontecer. Nesses contos de fadas, às vezes a vida até se mistura. Seria interessante, um dia, quem sabe, contar para alguém que sua vida foi quase como um conto de fadas. Quase um clássico infantil, onde a gente primeiro se apaixonaria pelo que a pessoa é por dentro, o que faz dela aquilo tudo, e depois de um tempo, depois de ter realmente aprendido que primeiro o que vale é ser bem compreendido e resolvido consigo e com o outro, você vê o exterior.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade. Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um texto é para isso




Eu tenho sorte.


Simples assim. Eu sou sim uma pessoa de sorte. Sorte por ter tido a capacidade de lembrar que ainda há vida pós guerra, pós dia frio, pós amores perdidos. Sorte de ter levantado a cabeça sem tentar esconder os furos que me deixaram na dor. Eu tenho tanta sorte, pelo simples fato de ainda amar quem machucou, sem ter o medo de ser ferida de novo.

Quantas vezes a gente cai, tenta não sofrer tanto como normalmente se desmorona, e quando pensamos que esta tudo perdido e a solução se esvaiu de vez, parece que a luz ressurge no fundo de um minúsculo ponto de vida. Ficamos dias, meses ou até anos procurando por salvação, procurando por algo que faça jus a nossa estadia aqui, e nada encontramos. Até o mero dia em que desistimos de procurar, e algo vem de graça, na ponta dos dedos e faz uma mudança plena na vida. Uns vivem algum tempo, indeterminado, pensando agindo somente para si mesmo em busca de algo que se diz “conhecimento, autoconhecimento”, e fica no seu próprio mundo vendo o que lhe atrai mais, o que desgosta, o que faz sentido, o que mudaria e o que deixaria ali, intacto. Uma leva de dias somente para ver o que dentro de si habita, e o que faz alguma coisa mover tudo isso.

Quando essa sua estrada longínqua e teimosa acaba, sinceramente não há mais barreiras entre você e o que você era. Existem apenas novas fórmulas, sensos, discrições, pensamentos e uma tranqüilidade gritante. Que se torna irresistível aos olhares famintos de inveja dos outros, porque ninguém tem a coragem e a audácia de retirar um tempo pra si, parar de fazer o que gosta e o que o corpo material necessita, para unicamente viver o seu próprio sonho, mundo ou qualquer coisa que o seu espírito: infantil ou não, tranqüilo ou não, deseja vivenciar. Quero dizer que, é bom parar de fazer o que sempre se faz para ver que aquilo pode ser algo que não o faz bem, mas que você só faz isso por ser corriqueiro. Em determinada época, principalmente após os devaneios de perder, não lutar mais, fingir que esta tudo bem enquanto o mundo ai dentro morre, é bom tirar umas “férias” desses dias mundanos.

É bom se retirar da cidade, seja ela qual for, mudar, se refazer. E quando voltar, as mudanças são positivas, na sua maioria. Vejamos bem, há um tempo atrás eu fiz isso, um tipo de isolação quase discreta. Um ‘quase’ intrometido por fatos que nesse meio tempo ocorreram, que não são muito discretas, mas entram na parte de mudar-se. Mas chegando ao ponto onde se discute mais, no final de tudo isso, as coisas mudaram, não somente no exterior, como um entendimento interior um pouco maior de quando se cria isso. E cada vez que se sente vontade de parar e pensar, e ficar refletindo sobre algo, é tão mais fácil como parar agora, em meio a disputas e não conseguir entender nada do que os olhos enxergam e a cabeça tenta agir. É bom parar para se entender, para ver que dentro de si ainda pode haver um pouco de paz, e um refugio quando nada vai bem. Por experiência própria, o seu interno vai ser muito mais útil do que qualquer abraço amoroso pode dar, ou então quando você quer entender porque aquele abraço amoroso se foi e você nem sabe o porquê disso. Em tempos onde se chora, é mais interessante se tentar apaziguar criando outro objetivo ou foco, esforçando-se em outro motivo, do que parar e ficar se perguntando onde se errou ou o que aconteceu. Não se volta ao ponto, não se tem como modificar o já ocorrido.

A vida lhe da coisas de graça, e nem presta serviço cobrado, ela apenas deseja que isso lhe sirva para alguma coisa. Então depende de você, do modo e do que você deseja fazer com aquilo. Basicamente não se pára para pensar no que aquilo lhe serve ou então porque isso veio até ti. Às vezes, se torna tão complicado querer compreender o significado daquilo, que atiramos no esquecimento para não achar tão difícil ligar as coisas.

“De repente a dor de esperar terminou. E o amor veio enfim. Eu que sempre sonhei, mas não acreditei muito em mim. Vi o tempo passar. O inverno chegar. Outra vez mas desta vez todo pranto sumiu. Um encanto surgiu, meu amor. Você é algo assim...” Tem dias em que eu paro para pensar no que foi aquele tempo em que as coisas pareciam mais tranqüilas e que não havia tanta distância entre o meu corpo e o teu. E os meus olhos com os teus. Sabe, eu queria lhe dar trechos bonitos e poesias amáveis para tentar te fazer entender o quanto foi boa a tua vinda até mim, e que ainda te espero, que te aguardo no mesmo lugar todos os dias. Podes não me ver lá, mas eu estou sempre viva ao teu lado. Pode achar bobagem o que eu faço ou deixo de fazer, mas faço para esquecer que não estas comigo agora. Faço de tudo para te colocar junto a mim novamente. Escrevo livros, corro ruas, fujo, volto, me desdobro e vira louca. Não deixo de sorrir somente para te ter pertinho de mim de novo. Só para sentir o cheiro, lembrar do sorriso, das mãos. Não me importo se não és meu ainda, nesse momento, mas dentro de mim você sempre foi meu. E não vai demorar muito para ser de corpo e alma. Para me fazer largar esses meus sonhos de te querer e me deixar boba com a realidade de estar aqui, comigo. “Falou comigo mais de uma vez. Não, eu sei, não fui muito cortês. Com ele,não. Isso, porque ele mentiu, porque. Te ganhou e partiu. Porque o tempo consentiu. Ou se não porque. É tanto, é tanto. Se ao menos você soubesse. Te quero tanto. É tanto. Se ao menos você soubesse. Te quero tanto.”

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Se nas mãos estiver, deixe o tempo cuidar!




" Procure os seus caminhos,
mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o! "


Fernando Pessoa