quinta-feira, 16 de julho de 2009

Para você, tristeza!




E o meu destino é qual nessa vida? Será que eu estou indo pelo caminho certo destinado a mim? Nesse mundo, vasto mundo, já dizia Carlos Drummond. O mundo dá interinas voltas para ser feliz, e no final das contas somos felizes em conseqüente parte do tempo e, no terminar de tudo, talvez nem seja tão gracioso quanto o tempo em que nesse nó estivemos. E nesse movimento constante total, o que lhe foi escrito foi aproveitado? Não sou profeta, não prevejo futuros, não entendo nada do que esta próximo, e tento ao máximo não pensar em previsões estrondosas por medo de sucumbir e não saber o que aconteceu com certeza. Mas perco-me pensando sobre o que eu estou fazendo da minha vida, nessa translação toda, onde tudo o que eu faço pode ou não ser valido, e essa validez esta condizente com a minha vontade. Quero dizer, conseguirei eu entender o porquê do certo e errado, relativamente não dando certo em suas circunstancias, porém, mais, além disso, será que eu estou entendendo as minhas oportunidades e razões de agir de certa forma e querer que aquilo seja assim.


Nesse caso, entrando diretamente sobre quantos perdões eu tive que revirar dentro de mim, esconder as minhas feridas, tapar com lacre profundo as minhas dores e perdoar para ser feliz, porque eu quero aquilo, e para ver o bem-estar alheio florescendo. Na bem da realidade, eu normalmente penso muito mais no bem-estar confortável do outro do que no meu próprio bem estar. Mais especificamente quando digo isso em questões fraternais e laços que na minha zona de conforto estão tão bem, mas eu deveria de mexer naquilo, porque no fundo me incomoda sem razão para ficar ali. Eu deveria de sacudir algumas coisas em mim, brigar com aquela pessoa que me incomoda, dar broncas, merecer mais o que dentro de mim há. Todavia, o meu conforto de eu me sentir bem com aquilo, nem que seja momentaneamente, pelo simples motivo de que eu gosto daquilo e eu tenho esperança naquilo, vá me machucando, e a bala que cada vez dispara quando isso ocorre, seja pior ao passar do dia, e o coração vai se ferindo.


Sofrimento é opcional, e por mais que eu tenha noção disso, é um sofrimento tão ardente de paixão, que no final de todas as somas e descontos, nessa incrível e irremediável cotação de dias, vai me fazendo bem sofrer e amar ao mesmo tempo. Já disseram que sofrer é conseqüência de amar, e amar remete friamente em sofrer. Contudo, o ser humano não nasceu para ficar agoniando pelas calçadas e chorando as pitangas por amores impossíveis, platônicos, sórdidos, deploráveis e entre todos os seus ramos passionais, mas sim ficar vivendo, e nesse vivendo eu ainda temo, porém coloco junto, o levando. Levar as coisas adiante, como um mero e discrepante mortal carrega a própria cruz para a morte em seguida. Vai seguindo com aquele pesinho, que vai tomando seu tamanho, que vai crescendo e seguindo nas costas. E esse peso torna-se monstruoso, e as costas já não podem segurar, e queremos deixar esse peso, porque estamos sofrendo com o peso e queremos nos livrar dele, só que o peso é tão grotesco e ao mesmo tempo tão sensível, que não há como retirar algo que não vá machucar a si mesmo como o próximo (talvez o próximo, o alheio não entenda ou então não sofra tanto como você). O que tenho em minhas palavras é, você pode morrer sofrendo por alguém, pode se machucar diariamente por alguém, você deseja que isso acabe porque esta cansada, mas não termina com isso.


Ontem à noite, eu perdi grande parte do tempo que era para eu estar dormindo. Gastei pensando no que isso não me faz bem, e dentro de mim dói tanto ter que suportar algo que no final das contas, eu acho, que não dará certo. Que eu sofro por algo que já era para eu ter esquecido, ter jogado para longe de mim. Mas por todos os meus adoráveis tempos entregues a alguém, que mesmo que tenha desmerecido grande parte da minha amizade, que tenha pisado em cima dela, esfregado com o pé varias vezes de um lado para o outro, sem dó nem piedade. Onde o mesmo fez palavras, que um dia eu desconfiei e eu estava certa em desconfiar, onde eu chorei caldos de lágrimas por querer cada vez mais alguém que nunca estará ao meu lado. Alguém que eu dei mais de duas chances, e a mesma que as esfarrapou. Que eu voltei a dar outra chance, inconscientemente, e que agora, eu estou gastada e desgastada, onde minha mente não agüenta mais ter que viver isso, por mais que eu ame vivenciar isso. Eu não posso mais deixar a minha vida sofrer por alguém que não pode me levar, e eu não estou perdendo isso, porque eu nunca tive isso. Eu só gostaria de ter a maior coragem para dizer isso sem o medo de estar ferindo alguém e me ferindo, dando um certo desgosto para uma amizade.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

No meu coração é onde eu guardo você, amigo



"Cada passo que eu dou

Cada movimento que eu faço

Cada dia único

Cada vez que eu rezo

Eu sentirei sua falta (...)"


Eu tenho um caso de amor proibido por uma pessoa que eu descobri há pouco tempo atrás. Ela é oitava maravilha do mundo, obviamente que no meu coração, e aos meus olhos, ela é, com toda a certeza que existe dentro de mim, a primeira e única maravilha do mundo. No meu coração, que normalmente esta despedaçado, quase morto, com pouco sangue passando, numa cor, onde o vermelho esta em cor de vinho, e ele esta fraquejando a cada dia, ela pode não saber que ele fraqueja, mas por essa pessoa, ele bate mais forte. Na bem da verdade, eu a descobri desde que eu me conheço por gente, talvez muito antes de eu mesmo existir, mas fui conhecê-la por agora, nesses tempos. Conhecer no sentido de ir mais a fundo, quem sabe. No sentido de conversar, ter uma troca recíproca, porque desde os tempos em que eu era uma criança que não sabia falar, não tinha cabelos, e meus olhos pareciam ser grande, o que hoje já não são mais nem querendo que os fique, eu sabia reconhecer aqueles olhos que me olhavam, aquela voz que comigo falava, aqueles braços que me abraçavam, ou quem sabe, corriam, batiam, saracoteavam de mim e em mim, ou ate, por mim.


Eu não consigo esquecer, muito menos apagar, ainda mais quando eu me recordo por fitas, fotos, me recordo dos antigos momentos, fico na ansiedade pelos novos, imagino o futuro, desfruto do presente. Talvez não desfrute como esperava, talvez eu me magoe muito fácil, eu sinta um peso muito fácil, eu seja preocupada demais, eu seja hipócrita, irracional, imoral, inconseqüente, desrespeite, mas a maioria é por algo sem pensar. Eu tenho que confessar que não me imagino mais sem essa criatura que me apareceu, que me fez despertar novamente para a vida, ainda mais quando eu estava lá, no fundo do poço com os limos verdes muito chamativos, um resto de água podre e lama até nos buracos que havia entre uma pedra e outra. Ela agarrou minha mão sem saber e me puxou com força, mostrando-me a luz, e que o túnel tem um final (mesmo sabendo que tem o lado bom e o ruim, e às vezes eles se misturam, e que às vezes, o que é bom tem conseqüências ruins e vice-versa). Eu sobrevivi a uma guerra interior com a força dela. E de força, ela tem muita.


Realmente esse caso absurdo de tanto amor, que floresce a cada dia, que entristece com cada partida (e, diga-se de passagem, não foi uma, foram duas, três, umas de longa distância, outras tão perto, mas todas entristecem), que tenta esquecer as brigas, as discussões, e o embravecer alheio. Mas que sobrevive em grande alegria, que esta junto e compartilhado, sempre esperando por algo ou algum novo ambiente, pessoa, diversão. É um amor recíproco, onde as partes têm uma troca harmoniosa de energia. Algo cósmico, algo muito de tempo, de muito pensar, onde uns pensam, outros são impulsivos, onde no meio de tudo as características se mudam, onde tudo muda: cabelo, cor, roupa, gostos, mas o modo peculiar e as piadas internas, essas meu bem, nunca irão mudar, pode o mundo se transformar em o que bem entender, mas esse amor que dentro de mim vive, e me fornece esperança súbita, esse não muda, nunca mudara.


Pode entrar tempo ruim, pode entrar tempestade que nem as cidades resistam, pode o sol nunca mais aparecer, o ser humano descobrir a cura para muitas coisas, tentar desvendar a morte, o nascimento, descobrir novos mistérios, mas nunca vão entender o quanto e o misterioso amor que eu sinto pro ti, essa coisa envolvendo-me durante os dias, que cresce, que aumenta, que fica superlativo a cada instante, a cada respirar me vejo mais amante do teu ser. Minha cúmplice. Minha parceira de horas jogadas fora falando besteiras, pornográficas ou não, besteiras meio sérias, besteiras de fantasias. Aquela me viu entrar em casa com horas, dias de vida, que, não sei, não me lembro, mas recebeu-me em casa, acariciou minha cabeça enquanto eu chorava desesperadamente, que brigou comigo me deixando mais forte, que acalmou minha raiva também, que me ensinou, que dedicou algum singelo tempo para pelo menos uma risada tirar de minha boca. A minha irmã, tento dedicar o meu tempo, a minha esperança e o pouco que vivi, não muito comparado a ela, mas foi o que vivi. A ela dedico a minha felicidade que, quando toma meu ser me engrandece dias quentinhos e maravilhosos. A ela também, forneço os meus minutos preciosos para com ela, e somente com ela, gastar sem medo e sem saber para que.


Eu apenas deveria de agradecer a cada prece que faço, a cada palavra escutada, a cada conselho dito e recolocado em pauta. A cada segundo gasto, a cada olhar briguento, e a todas as brigas. Eu deveria de apreciar mais, admirar mais, mas me orgulho pelo simples fato de ser sua irmã, me orgulho de cada trabalho que vi nascer das tuas mãos. Orgulho-me pelo simples momento de acordar e pensar “ainda tenho a Mariana aqui...”, não preciso ver muita coisa para me orgulhar de ti. Não preciso me orgulhar muito, só de admirar todas as coisas que você faz, para mim já é a prova suficiente de que você é importante pra mim. Não preciso me desgastar mais a procurar fatos, provas, palavras, músicas e significados, porque além de limitar, ninguém vai conseguir definir o meu sentimento por ti, seria um tanto quanto impossível.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Can't Help Falling in Love



Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa.


Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.


Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.


Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.


Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. ...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.


Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.


Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. ... e é assim que se rouba um coração, fácil não?


Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.


Luís Fernando Veríssimo


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Coração!




Rifa-se um coração

Rifa-se um coração quase novo.

Um coração idealista.

Um coração como poucos.

Um coração à moda antiga.

Um coração moleque que insisteem pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está umpouco usado,

meio calejado,

muito machucado

e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.

Um pouco inconseqüente que nunca desistede acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coração

que acha que Tim Maia

estava certo quando escreveu..."...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero...".

Um idealista...

Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.

Que não endurece, e mantém sempre viva aesperança de ser feliz, sendo simples e natural.

Um coração insensato que comanda o racional

sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida que vive procurando

relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer

sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, briga, se expõe.

Perde o juízo por completo em nome

de causas e paixões.

Sai do sério e, às vezes revê suas posições

arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.

Tantas vezes provocado.

Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional

que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,

mas que também arranca lágrimas

e faz murchar o rosto.

Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizado

por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado indicado apenas para

quem quer viver intensamente

contra indicado para os que apenas pretendem

passar pela vida matando o tempo,defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente

que se mostra sem armaduras

e deixa louco o seu usuário.

Um coração que quando parar de bater

ouvirá o seu usuário dizer

para São Pedro na hora da prestação de contas:"O Senhor pode conferir.

Eu fiz tudo certo,

só errei quando coloquei sentimento.

Só fiz bobagens e me dei mal

quando ouvi este louco coração de criançaque insiste em não endurecer e,

se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por

outro que tenha um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.

Um amigo do peito que não maltrate

tanto o ser que o abriga.

Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,

mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda

não foi adotado, provavelmente, por se recusar

a cultivar ares selvagens ou racionais,

por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio,

sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.

Um impulsivo membro de comportamento

até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos que,

mesmo estando fora do mercado,

faz questão de não se modernizar,

mas vez por outra,

constrange o corpo que o domina.

Um velho coração que convence

seu usuário a publicar seus segredos

e a ter a petulância de se aventurar como poeta.


Clarice Lipsector

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Bullet The Blue Sky





E os céus mostravam as balas lançadas nos dias de guerra. Sangrenta e dolorosa, que foi sendo curada pelas dores do passar do tempo. E a ferida ia consequentemente diminuindo até parecer devassa aos pensamentos, mas estava viva e quente, ardia quando lembrava das velhas fotos e notícias que antes trazidas por quem amava. E iniciava uma guerra dentro de mim, uma batalha insana de medo e insegurança em várias partes. Ia atacando e sufocando conforme se alastrava pela laringe e chegando no início da boca. Lembro-me de não conseguir respirar mais, porém o intuito da luta era atingir os neuros? E chorava ao relembrar da falta de dedos e tatos. E eu precisava de uma luz, de algo que pudesse dar um caminho, mostrar uma solução, de uma idéia para acabar com a primeira guerra dentro de mim. A batalha de estar viva ainda, e lutar por algo a mais. E de amor o homem vive, ele tenta sobreviver, mas mata-se se não consegue, enlouquece a alma e desnorteia para qualquer lado e ambiente. Gostava do tempo em que não sabia ao certo o que sentia. Assim sinto mais aflição dentro de mim, e quando descobri o que realmente batia e machucava, foi um impacto que ninguém crê dar certo. E oceanos escorriam pelas maçãs do rosto. Ah! Se a coragem fosse minha amiga, não teria problemas com as ações. E assim foi-se indo, passageiro como as formas da lua, cada momento um modo. Nessas idas e vindas minha vida desandou, caiu a obscuridão. E ainda chorava pensando se poderia, um dia, ela virar a cara para mim. Olhava o jeito da moça que um dia acendeu minha vista. Amável como as flores do campo e os cremes com morangos. Então, em um dia de total eloqüência, resolvi parafrasear o já escrito nos lábios e mentes de todo e qualquer apaixonado. Sai em busca de palavras, mas dentro de mim elas se escondiam e nada surgia. Em momento algum as encontrei, e corria contra o tempo e espaço na busca constante e cansativa das palavras certas, aflição cada vez maior, poderia não ser compreendido. E se não entendesse a minha falta de palavra? Dormi por dois dias e duas noites, e fui acordado. Arregalei os pretos olhos que me pertenciam. Bati minha íris nos perdidos e pequenos olhos dela. Para que mais eu gostaria de algo? Talvez minha falta de palavras tenha influenciado algo dentro da moça. E do silêncio descobri uma boa maneira de amar. Uma sintonia recíproca entre ambos os sobreviventes. Coração que antes brigava e virou guerrilheiro dentro de mim. E sobrevivi aos raios do amor.