quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Let there be love




Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.


Vinícius de Moraes

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Para Viver um Grande Amor




"É preciso abrir todas as portas que fecham o coração.
Quebrar barreiras construídas ao longo do tempo,
Por amores do passado que foram em vão
É preciso muita renúncia em ser e mudança no pensar.
É preciso não esquecer que ninguém vem perfeito para nós!
É preciso ver o outro com os olhos da alma e se deixar cativar!
É preciso renunciar ao que não agrada ao seu amor...
Para que se moldem um ao outro como se molda uma escultura,
Aparando as arestas que podem machucar.
É como lapidar um diamante bruto...para fazê-lo brilhar!
E quando decidir que chegou a sua hora de amar,
Lembre-se que é preciso haver identificação de almas!
De gostos, de gestos, de pele...
No modo de sentir e de pensar!
É preciso ver a luz iluminar a aura,
Dando uma chance para que o amor te encontre
Na suavidade morna de uma noite calma...
É preciso se entregar de corpo e alma!
É preciso ter dentro do coração um sonho
Que se acalenta no desejo de: amar e ser amada!
É preciso conhecer no outro o ser tão procurado!
É preciso conquistar e se deixar seduzir...
Entrar no jogo da sedução e deixar fluir!
Amar com emoção para se saber sentir
A sensação do momento em que o amor te devora!
E quando você estiver vivendo no clímax dessa paixão,
Que sinta que essa foi a melhor de suas escolhas!
Que foi seu grande desafio... e o passo mais acertado
De todos os caminhos de sua vida trilhados!
Mas se assim não for...
Que nunca te arrependas pelo amor dado!
Faz parte da vida arriscar-se por um sonho...
Porque se não fosse assim, nunca teríamos sonhado!
Mas, antes de tudo, que você saiba que tem aliado.
Ele se chama TEMPO... seu melhor amigo.
Só ele pode dar todas as certezas do amanhã...
A certeza que... realmente você amou.
A certeza que... realmente você foi amada."

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

I Don't Wanna Miss A Thing




Guardo isso porque talvez seja a única maneira de saber que ainda estas vivo. Que ainda tem algo aqui, pertinho de mim. Talvez guardamos as coisas para jamais esquecer, para eternizar. Para ficar para sempre na memória, e quando sentimos aquele cheiro, um vento batendo leve, sempre remete a alguém. Às vezes eu penso com tanto sentimento em meus olhos, com lágrimas que custam a deslizar pelo meu semblante, que eu deveria de ter acabado já com isso. Porém todas as suas lembranças em mim são guardadas e remontadas com tanta força e com uma maciez que faz minha alma se sentir ainda viva, de uma maneira diferente de achar vida em meio a perdas. Em meio a tantas brigas constantes com o próprio ser, que machuca por querer-te aqui, perto, sempre mais aguçado na minha memória.

“Eu guardei o livro todo esse tempo, para ter alguma lembrança sua.” (Três vezes amor)

E é assim que se faz a memória remontar fatos. Toda a vez que se guarda algo de alguém que se ama, que se quer. Talvez seja a esperança quase morta de que algo volte a acontecer, que algo volta a esta vivo como antes era. Viver numa redoma de vidro somente por ter aquilo ali em mãos. E assim como em filme, queremos nosso final feliz com quem amamos. Queremos sempre o “felizes para sempre” com quem sonhamos, e planejamos muitas vezes em diferentes idades, cenas, desejos, e músicas para marcarem o momento. Com alguma amargura de umas cenas que poderiam ser deletadas do meu filme, que remetem as tristes lágrimas que me correram por não estar mais contigo. Muitas felicidades e sorrisos sem explicação, lembrando de que em algum dia, alguma hora, naquele tempo eu tinha apenas o objetivo de ser feliz ao teu lado. De ter a tua presença junto a minha, as tuas palavras entrelaçadas as minhas, os teus olhos colados aos meus, e algum resquício de amor, que poderia ser mero e breve, mas que conseguiu me prender. Poderia ser falso, mas conseguiu me enganar. Poderia ser temporário, com tempo de validade e horário exato para acabar, mas no tempo em que sobreviveu me fez momentos de êxtase.

Eu guardei “isso” por todo esse tempo, para ter alguma palavra sua, alguma imagem sua, alguma ligação contigo, algum afeto por ti, para jamais te esquecer. Eu queria te ter junto a mim, mas como não é possível, e não há alguma possibilidade ainda, tenho isso comigo, para te ter. Para ter o que jamais foi meu, e o que eu nunca posso perder. Para ter uma lembrança sua, alguma recordação que me levasse diretamente aos teus braços. Sou eloqüente e passional fácil, mas que tudo isso é de sentimento verdadeiro. Nunca menti sobre o que sentia, nem para você, nem para ninguém. Mas já menti muito para mim, menti quando tentei dizer para meu coração que não te amava, que nunca te desejei, que nunca o quis aqui, ao meu lado, completando o espaço vago do meu sofá da sala. Que completasse a cadeira solitária que estava em minha frente na mesa do restaurante. Que completasse a minha frase inacabada, que esperava pelas tuas palavras.

Não queria qualquer um, ou por qualquer coisa. Queria você, que me entendeu, que brigou comigo, que me deixou sozinha quando eu precisava, e que soube a sua hora de voltar. Porém ainda não compreendeu que eu ainda te amo, e que te aguardo. Não te aguardo pelo tempo da eternidade, porque tudo tem um final, mas que seja eterno enquanto dure. E que perdure muito esse amor por dentro de mim, que corre junto ao sangue e que me esvai em felicidade. Que me deixa nos exageros das palavras, e que não me deixa achar expressões para descrever o que não sinto, não cheiro, não tenho, que eu apenas imagino. Só sei que, no exagero de minhas míseras palavras, nelas estão contidas os mais sinceros sentimentos de alguém que ama torto, que não se mexe muito, mas que tem um vasto coração,e um mundo todo imaginário nas mãos.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Don't give up the fight




Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade. Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz… E, quando você errar o caminho, recomece. Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência. Jamais desista de si mesmo. Jamais desista das pessoas que você ama. Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.

Fernando Pessoa

(Falta de criatividade para escrever, serve para ler outros textos alheios e pensar que, você tem que escrever mais!)

sábado, 31 de julho de 2010

Miracle Drug





Existem pessoas que a gente não precisa procurar motivos para saber por que elas entraram em nossas vidas, muito menos quanto tempo isso vai durar, simplesmente porque, independente do tempo, da distância, da diferença de idade ou qualquer coisa que possa ser um empecilho, elas são inesquecíveis. Elas conseguem fazer nossos dias ficarem mais interessantes, nossas tardes mais prazerosas e nossas noites mais alegres. Indiscutível ainda quando se mora sozinha. Existem fatos que nos atraem mais com umas do que com outras, que nos fazem ter relações mais significantes com uns. Não precisa ter a palavra certa, o jeito certo, muito menos saber se é a hora, basta pensar em algo com intenção amigável que isso tudo pode tornar remédio. Não precisa ser mentirosa, falsa, ou parecer ridícula para conseguir conquistar o coração alheio. Basta ter a capacidade de querer se compreender e compreender o próximo. Existem pessoas que não se precisa de muito tempo junto para saber o que ela é e o que esta mudando na sua vida, sua ação é tão incomparável que você começa a julgar o que as outras pessoas fazem para você, e não encontra razão para querer andar com eles, porque nela, essa pessoa que mudou tanto faz uma surpreendente diferença pra ti. Não se precisa de horas gastas, motivos, encontros, desencontros, surpresas, risos e perdições. Apenas é necessário olhar para alguém tão mais calado que você e tentar descobrir que ela é a verdadeira pessoa que você sempre esperou para você dividir tudo o que há na sua vidinha.

Para todos os tempos em que uma alma sempre habita o nosso lado, para deixar mais vivo tudo o que fazemos ou simplesmente para não nos deixar tão sozinhos em tempos de indisposição existencial. Não tão profunda, nem muito calma, mas para ficar ali, parado, ao nosso lado, somente para sabermos que não estamos completamente jogados pelos cantos, bebendo e comemorando por algo que não podemos compartilhar com ninguém. Aliás, precisamos sempre compartilhar, para deixar mais aquecida a vontade de estar lado a lado. Entendendo, compreendendo, sabendo o que se passa. Talvez, amigos saibam mais sobre a gente quando estamos calados, do que quando falamos horas sem parar, misturando tudo, sem deixar que se absorva nada. Aquela mudança drástica no tom de voz dela, e já paramos para perceber que algo esta totalmente do avesso. Para os amigos mais longes, eles sabem quando uma mísera palavra faz total diferença numa conversa, e a partir daí temos o entendimento de que algo não esta bem. Também notamos quando tem um gesto diferente, que demonstra felicidade por algo, ou quando não tem gesto nenhum, que combina com os olhos caídos e uma coisa que machuca por dentro.

Amizade é tão mais de se olhar e entender, do que falar e não compreender nada do que se ouve. Além do mais, quem gosta de ouvir tanto? Tem tanta gente que não escuta nada, esta somente pensando no que pode acontecer ou no que deve fazer depois. Porém para ser escutado, para falar por tempo indeterminado, somos ótimos. Mas amigos não estão somente numa posição, ou a de escutar ou a de falar, há a troca mútua dessa modalidade, e então surgem maiores amizades. Amigos também tentam levantar os ânimos, o que algumas vezes não conseguem, quando ele desiste de fazer isso, é ai que você se recupera. Porque não esta somente na força de querer ajudar, mas é das mais inesperadas maneiras que as coisas acontecem. Existem amigos que entram em nós por meio de outros amigos. E amigos que brigam com seus amigos, se tornam seus amigos e depois todos são amigos de novo e novo. Amigos de longa data, que se somem e depois voltam. Amigos que nunca voltam. Amigos que na realidade eram meros conhecidos, e a gente começa a descobrir que não era nem conhecido, mas apenas alguém que nunca fez diferença pra você. Amigos que brigam, não pela gente, mas brigam com a gente, contra a gente. E amigos que brigam com a gente contra outra pessoa, e compram uma briga para simplesmente te apoiar. Amigos mais do que amigos. Amigos que queríamos que fossem amores, e amores que não se tornam amigos depois. Amores que se tornaram amigos, mas continuam como amores, e eles nem sabem que os amamos.

Amores que são amigos e que sempre serão nossos eternos amigos, mesmo depois de nada acabar bem, em uma relação tão curta. E os amigos se tornam nossos amores, porque não conseguimos viver sem eles, em alguns casos, queremos mandar alguns amigos embora para sempre, ou para umas férias. Eles podem ir embora, voltar, brigar, chorar no seu colo, ficarem horas contando casos de amores que não deram certo, mas que podem vir a dar, e te apoiar por algo inadmissível, podem não concordar com nada na sua vida, mas eles serão eternamente marcados na sua mente, como alguém que passou por um momento vivido e que esteve tão mais presente que alguém que sempre esteve ao seu lado. Você pode os deixar, mas sempre terá alguma lembrança para compartilhar com outros amigos sobre aquele velho companheiro, que um dia fez horas se transformarem em grandes, perigosos e mirabolantes momentos de felicidade. A gente pode até dar adeus para um amigo, e a sabermos que aquilo nunca iria dar certo porque ninguém cedeu, mas mesmo assim somos tão amigos e sabemos o que é melhor para o outro, mesmo indo embora.

"No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem."

sábado, 19 de junho de 2010

Nobody said it was easy





Qual é o real peso de quando se sente um enorme peso nas costas, de uma vontade de gritar, desprender, ou simplesmente dizer uma vontade? Quero dizer, existe um medo que repreende uma singela e amigável vontade de dizer, o que pode ser uma solução. Mas um medo combatente se pregado pela dor de uma conseqüente verdade, que muitas vezes, em cinqüenta por cinqüenta porcento, nunca se sabe o que é. Pode bater um arrependimento por dizer tais palavras, que talvez, nunca deveriam de terem sido pronunciadas, e ter quebrado um silêncio noturno, onde doeram muito o físico, batalhando com o psicológico para sobreviver a uma guerra de palavras, de confidências, de verdades a serem exclamadas. A gente se comove muito fácil, mas nos absorvemos melhor nos pensamentos ilusórios do que poderia ocorrer se fosse realmente dito algo.

Sabe a gente tem um medo de errar, de ter que voltar atrás. A gente tem medo da verdade. Assim, como ela é. Não temos a fria coragem de aceitar fatos, de vê-los como realmente são, e seguir a vida. É desumano ter noções fora dos próprios sonhos. Como uma dor que alfineta a ferida, e ainda sim tenhamos que sobreviver. É caso raro aquele que consegue ter o sabor da verdade dolorida, e seguir em frente como se aquilo não o comovesse. É um medo com angústia. Medo com adrenalina. Medo com qualquer sentimento, mas que na bem da verdade, o medo seja prevalecido, porque dele é mais fácil de se agarrar depois que o negativo já se apossou.

A gente pensa que tem tanto tempo, para fazer tanta coisa. Se pararmos para pensar no que já fizemos e no quanto tempo ainda se tem, mesmo sem saber até quando esse tempo irá se delongar. Chegamos à plena conclusão de que não fizemos nada. Pare e pense para ver se alguma coisa realmente mudou de um dia para o outro, em um setor psicológico. Não digo mais feliz, nem mais triste, nem no mesmo vazio de sempre. Mas e esse amor mal resolvido, mal acabado, mal iniciado, ele mudou? Num passar de tempos, ele deu em algo, ou ficou simplesmente na lembrança de não ter acabado? Ou simplesmente no fato de que o comodismo pegou de jeito, e tocar naquilo seria uma forma de remoer o passado e ter, novamente, o medo de não saber no que dará?

Viu novamente o tal medo de que todo mundo odeia se defrontar. Parece morte. Parece decisão entre Paraíso e inferno. Porque tanto o medo de dizer alguma coisa, que pode ou não dar certo, medo é para ser quebrado. Mas o que importa se até mesmo quem vos escreve nasce e vive de medo. Sabe aquele medo de dizer, o que dentro de um coração sempre habita. De pronunciar as palavras que todos conhecem, mas para aquela certa pessoa. Se pararmos para pensar que, eu poderia dizer agora, mas o meu medo do que possa vir é tão grande que é mais fácil deixar quieto. Mas a gente pode passar uma vida querendo dizer tantas coisas para aquele ser, e o tempo passa, e quando vemos, não fizemos nada, nem para, pelo menos, nos aliviarmos de tal sentimento. Uma vez me disseram que a gente, quando tem a oportunidade de dizer que ama alguém ou que simplesmente ela faz diferença na tua vida, é preciso dizer.

Guardar para si o que se sente? Já não temos tantas coisas para se guardar, para nos repreender, e além de tudo isso, a gente ainda tem que ficar repelindo um amor, uma amizade, ou até um ódio? Sabe, de rancor já estamos fartos, de pensar que algum dia a gente vai usar contra ou a favor. Mas guardar tanta coisa é puro desgaste. Seria tão mais simples se todos fossem sinceros para com os outros. Sem as mentirinhas e as façanhas escondidas e semi-abertas que todos fazem para conquistar, reconquistar ou deixar alguém de lado. Se, numa realidade quase utópica, a gente pudesse não pensar muito no que as pessoas iriam pensar sobre as nossas atitudes sentimentais, seria em suma, muitos porcento a menos numa escala medrosa e de arrependimento. Por fim, se eu pudesse, por um milésimo de coragem, pode dizer o que aqui dentro habita, seria quase que uma conquista heróica de um medo dramática, de um conto de fadas quase trágico, de uma personagem nada brilhante, em meio de crises amorosas de um rapaz que tal nem saiba que ela o ame tão fervorosamente.


"Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro - dentro de mim?"

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Para você que se foi... (Trizteza)





Eu gostaria de aprender, ou no mínimo descobrir como se faz para te esquecer. Fica trancado aqui dentro, pertinho do coração e entre a boca, uma sensação de que eu já deveria de ter te tirado de dentro de mim. Apesar de saber que isso é uma realidade dura, e que todos já disseram que isso deveria de ter acabado, a mim parece tão mais difícil. Naquelas angustias de que já se passou tanto tempo, e eu ainda nessa mesma dor e ladainha de não te esquecer, não tirar isso o que me prende. Uma vez eu já tentei, mas você voltou. Outra vez eu tentei, mas não me agüentei ao ponto de te apagar. Parece com algo que não quer sair, que a cola já grudou tanto, que os resquícios ainda unem o que resta. Talvez ela cole os pedaços restantes de um coração já estilhaçado. Eu deveria de fugir, para mim essa é a melhor alternativa. Eu deveria de correr para o mais distante, sem nada que me ligasse a alguém. Não quero mais estar ligada a alguém, cansa-me essas conexões e que no seu final, não passam de uma dor incontrolável que se arrasta e perdura por algum tempo indeterminado, que não sana nem com lágrima, nem com riso. Somente permanece.

Parece tão simples quando se diz “vou te esquecer, apagar, nunca mais saber de você...”, mas a prática dessa premissa é uma ilusória dor de que isso não acontece tão facilmente. Ilusória são todas as coisas que a gente vai colocando dentro do coração, achando que são verdades, e no fundo, tudo aquilo é apenas uma imaginação incoerente criada por alguma ferida antiga que queremos curar. Uma vez, num dia desses de chuva fina, com uma nevoa calma, ouvi as palavras de Leoni e sempre me recordo quando tento esquecer algo, elas falavam “Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer, que só me lembram que nada vai resolver. Porque tudo, tudo me traz você, e eu já não tenho pra onde correr...”. E partindo disso, é a mais pura realidade minha, e de alguém que já não agüenta mais furos e buracos atravessando o seu coração, ou aquilo que chamamos de coração, porque formato já não há. Pára e pensa. Quantas vezes já quis esquecer e apagar alguma coisa, e isso parece ter aparecido com muito mais freqüência do que quando gostaria que aquilo fosse seu? Nas mais variadas formas, quanto mais se esquece, mais se lembra. É tão difícil chegar ao estágio de olhar para aquele individuo e não ter alguma coisa que saracoteie mais que confete em carnaval. Dói quando o vê com outrem. Deixa em êxtase quando ele fala com você.

Essa dor é tão única e própria, que não se sabe o que fazer. Não se pode enlouquecer. Não pode perder-se. Não pode demonstrá-la. Parece que ela não existe, mas fica tão aquecida dentro da gente, que não sai. Mas o pior não é o esquecer, mas sim o não querer esquecer, ou fazer que esqueceu, mas ele esta muito bem vivo dentro de ti. Continuando na letra da canção, “Eu respiro tentando encher os pulmões de vida. Mas ainda é difícil deixa qualquer luz entrar... Ainda sinto por dentro toda dor dessa ferida, mas o pior é pensar que isso vai cicatrizar...”. Naquela agonia de que, você o ama, você o quer, você tem planos, mas, apesar de te machucar, cortar, e estripar o coração, você absolutamente esta consciente de que deve esquecer, mas no fundo, bem no fundinho, a dobrinha do coração, você o quer na sua insana mente. Isso é algo tão louco, querer algo que machuca e ter carinho por isso. Aliás, essas partidas são tristes e insanas, porque nos deixam insanas. E como experiência ou palavras de alguém que vos escrever: eu não quero deixar ele partir, eu não quero perder um só minuto sem ele, eu desejaria tudo novamente, mas eu quero te esquecer e não consigo. Demente não?

Sabe eu fico pensando, seria melhor a criatura te falar “Hey, você, sua cega, fazendo papel de idiota me amando, olhe para você, veja o que você é, e o que não foi, e vá... vá embora, para o mais longe possível. Eu te odeio, indiferente para mim, foi apenas mais uma...”. Essas palavras bobas e chulas, que numa mente amante, isso fazem uma dor imensa, e que transborda a indiferença e falta do que você é. Fere tanto que, às vezes, não se agüenta de tanta dor. Se isso acontecesse, começamos a pensar para onde correr, o que fazer, quantos litros de água deveríamos de tomar e hidratar o corpo somente para expeli-la em forma de lágrimas. Doloroso. Mais doloroso que isso é pensar que ainda pode dar certo. É firmar-se na esperança. É achar que num futuro não muito obstante, isso pode dar certo. Como eu sou boba por acreditar nisso também. E o que mais se torna insuportável, são ouvir e ler promessas, admiti-las, mendigar por elas. Insuportável é ver o seu sorriso, é acompanhar seus olhos, e hipnotizar-se por eles, e em nada acontecer. Insuportável é o que nos faz acreditar que tudo isso é verdade, enquanto o usufruir por pleno prazer é tão normal.

Escrevo com um pesar, com uma dor, com uma angustia de te deixar, que é só minha. Única, exclusiva. Uma dor que eu carrego por tentar ver que isso tem futuro, que isso pode vir a calhar em algo decente. Mas a gente só se cria na esperança de um futuro. Enquanto no presente, eu estou ferida por somente acreditar e nada obter. Nenhum ser humano é forte o suficiente para acreditar, sonhar, ver-se nisso, e não ter resultado. No mínimo desanima. Escrevo isso, porque talvez seja a melhor forma de eu mesma tomar consciência de que esquecer seria uma forma ótima para não lembrar, mas que a dor de ler seja tão fortificada se unida às lágrimas de realmente ver isso. Uma verdade a se seguir. Queria poder te dizer tudo o que aqui esta entalado há cerca de um ano. Dizer o que se passa. O que essas tuas ausências me causam. Queria te acusar de dono dessa dor. Mas não posso te submeter a tanto. Eu queria tanto te dizer tudo o que eu penso de ti, e da tua mudança repentina de ser. Mas me contestam, dizem que não posso me atrever a te falar isso, porque já é de praxe, clichê. Talvez você já esteja muito acostumado a todas se apaixonarem por você, que nem tem mais graça em ouvir suas palavras. Mas as minhas palavras seriam bonitas, e adormeceriam os ouvidos. Tenho medo de dizê-las, simplesmente por ter medo de você.

Pronto! Tenho que te esquecer, para não ter mais medo, para não ter mais essa dor, não ter anseios, pesadelos durante a noite e passar frio no vento congelante. Ensina-me a te esquecer? Eu suplico!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

J'veux ton amour





Eu sei que um dia a gente não tinha problemas, mentira, tinha sim, o fato de ter que contar pra mãe que se cortou subindo numa arvore que tinha espinho, isso era um problema enorme. Depois disso, o problema se transformou em como a gente contaria para a mamãe que tirou um B na prova, o que mais tarde se mostra um 5, 4, 3, 2, 1... Às vezes era difícil tirar um zero, mas havia a possibilidade, ai o problema se resumia em como contar tal tragédia. Achávamos sempre que era um problema grande tudo isso. Então, mais tarde passa para o problema de querer ser mais velho quando se tem, mais ou menos, uns quinze anos, porque todo mundo na adolescência que atingir a maioridade. E o que os adolescentes não sabem é que, quando se atinge a maioridade normalmente não se quer mais regredir na idade, porque é uma fase inenarrável. Todavia, tem seus lados negativos drásticos.

Um dia a gente também chega numa fase, não importa a idade, mas normalmente depois de algumas experiências, que se deseja constantemente voltar ao que era antes e o que havia antes daquilo ocorrer. Algum exemplo, o fato de não ter alcançado algum objetivo grandioso, como um emprego, uma aprovação na escola, faculdade. Aprovação dos pais, dos irmãos, dos amigos (o que, algumas vezes, é muito doloroso e impactante). Então você pensa em todas as coisas que fez, ou melhor, no que deixou de fazer, e no que essas conseqüências que vieram são extremamente destrutivas. Você deseja tanto voltar a ser o que antes fora que esquece o que você é.

Existem aquelas feridas expostas, que com o tempo vão se fechando, vão mostrando que há uma cicatriz, que alguma coisa pode curar, e que agora não arde tanto como antigamente. Essas feridas vão se mostrando amigas, vão falando que agora, agora esta tudo bem. Até o dia em que parece que não houve uma casquinha que realmente tapasse aquilo. É um furo, uma cratera, que não fechou em nada. Um vulcão que depois de algum tempo, indeterminado, ele entra em erupção e jorra para fora tudo o que ficou guardado por um tempo. Vai se juntando força, fogo, angústia, ânsia, e vai borbulhando, se aquecendo, até chegar num ponto em que explode, numa densidade emocional tão bombástica, que se tu fores pegar o primórdio da dor, é grotesca, mas interessante de se mexer. Elas ardem muito em dia de chuva, que se recordar das lembranças, bate uma nostalgia inexplicável, onde parece que vem numa tristeza, mas no fundo é uma alegria acobertada, porque nem todos levam como alegria relembrar fatos bons.

Voltando a ferida, ela vai ardendo e abrindo, vai machucando, e tem um ponto crucial que incomoda, que lateja feito louca, que parece mais com tragédia grega do que outro gênero literário. Que se faz de alegria dor, que deveras sentir calma ao invés de inquietude. Deveras também ficar um pouco isolado, só para não fazer tanto alarde, mas feridas não sabem ser como mãos, que passam devagar pelo rosto e ficam adocicando a pele. Ferida é arma letal, que machuca, quase matando, que arranca pedaço, que não tem medo de estar fazendo o mal para a gente. Ferida pode ser exemplificada como mãe, que ensina. Alguma coisa ferida sempre ensina, seja ela para o lado bom ou para o lado ruim. Ferida é como amigo sincero, tão transparente que deixa a verdade exposta e nos faz chorar como crianças, quando nos cortávamos nos espinhos.

Às vezes, a gente acha que esta tudo tão bem, que somente os nossos amigos e algumas festas podem cessar uma dor de ferida grande, dor de gente grande, que quando menos vemos, sempre tem a essência incomodando. Aquele ponto fixo que é o gerador de tudo, que fica ativado vinte e quatro horas, fazendo essa dor rodar como louca. E a gente começa a perceber que não quer mais senti-la, que quer que ela se esvaia de uma vez, que aquilo não pode mais fazer parte de ti, como humano. Então deparamo-nos que não existe mais o que fazer para que ela se vá. É inútil lutar contra essa dor, essa ferida que nunca sara. Que nem casando sara, que nem chorando sara, que nem arrancado fora, ela sempre será tua, até o dia em que, ou aquilo seja resolvido, ou então você apague o passado, impossível de vez. Achamo-nos tão fortes por lutar contra injustiça, sacrifícios, contra desapego, mas desapego da nossa ferida sempre é tão complicada. Viu, não é injusto, mas é inútil lutar contra as dores do amor.

sábado, 10 de abril de 2010

All about Ana... Ou um pouco sobre Ana!





Dizem que as librianas são falantes por natureza, onde reina uma doce e sofisticada mulher, com um sorriso insuportavelmente delicioso, entre outras devidas qualidades, e milhões de defeitos irreversíveis, como a indecisão cruel, umas manias “quase” incontroláveis, com alfinetas, comentários, afirmações e apoios um pouco constrangedores, dependendo do que se trata, e maníacas por estética, beleza e corpos perfeitos. E para não cair muito longe do pé, apenas desconsidero algumas coisas comentadas sobre tais mulheres, não posso perder um pouco dessa vitalidade astrológica, ainda tento entrar no conceito “libriana”. Para desespero de uns, onde podem achar que nada se encaixa entre eu e possíveis comentários sobre seu comportamento. Ou então ver que estamos realmente falando de coisas que se complementam e se formam perfeitamente. Mas prefiro dizer que, de dias focados há dias em que não se tem a mínima vontade de saber do que se trata, de dias cansados há dias onde não se há um fim no dia, que a quebra para um descanso é cessado por mais alguma outra coisa.

Dizem que há um certo controle sobre o que essas criaturas amáveis fazem, e quando se descontrolam, mostram-se controladas. Dizem que estou muito tranqüila perante tudo, e o mundo (bem escondido aqui) esta desabando, queimando, e não entendendo o porquê de estar tudo tão barulhento. Externamente é simples deixar tudo tão calmo. Parece paz transcendental. Dizem que a Ana é a pessoa mais calma, mais descomplicada, e que esta num momento zen vinte e quatro horas por dia. Queria eu ser assim, tão simples de viver seria. Porém a realidade inventada sempre é mais pratica, mais animada. A realidade verdadeira é o contrário do já pensado por alguém que, superficialmente me conhece. Onde a minha pressão sobre todas as coisas é tão mais forte do que um sorriso forçado, ou uma frase que sai quando não se quer dizer.

Eu sou uma parte gritante, que quer tudo, que quer sair, correr, pular, gritar, sem medo de ser a eterna e velha criança que viveu por alguns anos. E outra parte um pouco mais calada, e implicante com tudo. Uma parte velha, uma parte mal-educada, mal resolvida entre o que se quer fazer e o que “eu” deixo fazer. Sou a antítese de que hoje eu vou fazer isso, e não faz porque se perdeu a vontade em dois segundos. Sou à força de vontade que quando aparece, parece ser única, verdadeira e a força de todo mundo – porque ela simplesmente é tão grande, que dá vontade de ajudar o mundo todo em um piscar de olhos. Eu sou o desânimo, que quando bate é arrebatador, é desgastante, intragável. Sou o otimismo, que algumas horas esta tão nublado, e chega uma frente fria de pessimismo, que algumas horas depois de tempestades fortes, o pensamento tenta virar o clima, e a predominância de otimismo volta.

Dizem que eu sou leal. Gosto dos meus cães, dos meus amigos. Dos meus amores, eu dou tempo, refino com a paciência – que nem sempre aparece – com o tempo, com a perda, à volta, com o que deixou de ser. Sou fiel ao que me dizem, ao que eu digo e o que eu pensei em dizer. Talvez eu diga poucas coisas, mas quando eu digo, é a mais pura realidade (principalmente se tratando em relações amorosas, fraternais, amigáveis, e também as detestáveis). Dizem que eu tenho um senso de conversa grande, e que estou sempre com a palavra perfeita para ser dita, mas só em alguns casos – considero eu – outros casos, eu prefiro não dizer, omitir ou somente pensar que não ouvi aquilo. Tenho a palavra certa para a pessoa que eu acho que aceitaria bem aquilo e no momento em que eu penso ser propício para ser expressa.

Eu sou dramática, quase como uma novela mexicana, onde se faz cara de tragédia para algo que não merecia muito, e cara de extrema felicidade e muito válida quando é para ser mesmo. Sou quase uma atriz, que consegue mentir para agradar, para não brigar, para não se compreender como gente. Sou amiga quando era para ser amante, amante quando era para ser inimiga, e docemente amiga quando é para ser amiga mesmo. Sou alegre quando tem frio e sol, mas que ele não esquente muito. Sou apreciadora de pôr-do-sol, porém de preferência numa praia, ou da janela do meu apartamento. Ou então ver o mesmo acompanhada. Sou uma sedenta por alguém ao meu lado, que não seja tão chato como eu, que fale mais do que eu, que entenda mais do que eu, e que saiba que, eu jamais vou decidir. Tenho mais planos para o futuro do que uma vivência para o presente, mas sempre com olhos no que já passou. Sou uma eterna nostálgica. Choro, esperneio só para lembrar o que já passou e para ter um arrepio lembrando o que me fez bem. Tenho tentado ter um jeito mais doce, mas tem as amarguras que sempre pesam tanto. Tenho os medos comuns, como medo de altura, de escuro, de solidão, de mar, de sono profundo, de sonhos que não se compreende bem, tenho medo de falar o que sinto e o que eu penso. Tenho medo de coisas que não fazem tanto sentido, e prefiro deixá-los bem escondidos. Tenho um senso de humor que varia, uma hora eu estou sarcástica como nunca, outra hora meio desentendida do mundo, uma hora de birra, uma hora de humor negro demasiado, e uma hora algo que não se explica, aonde vai além da gentileza. Tenho gostos inusitados, meio alemã, meio italiano, meio infantil – se relacionados a alimentação. Nada de verdes perto de mim.

Tenho jeito de mais velha, bem mais velha do que a minha idade. Tenho um desentendimento antigo com o que eu faria profissionalmente, o que hoje se resumi a pouca coisa como literatura. Pouco no modo de expressar o que é, muito na tarefa de critica literária. Tenho sonho de escrever, o que às vezes se desenvolve, outras vezes desce, e dias em que eu nem sei escrever meu próprio nome. Tenho um conceito sobre tudo e para tudo. Tenho tentado ter um embasamento maior, mas talvez algumas limitações me deixam menos comprometidas com isso. E em matéria de comprometimento, tenho um instinto londrino quase impecável. Impecável também meu estado nervoso para certas coisas, minha ansiedade incomum, e uma maneira tão fácil de esconder tudo isso. Tenho cara de sonsa algumas vezes, mas eu estou muito mais longe do que quem esta falando algo sobre isso. Tenho ouvidos pobres para audição. Olhos fracos para visão, mas uma mente bem divertida para qualquer hora. Tenho meus momentos de puro estudo, como se fosse a mais renomada pessoa para tal assunto. Outrora sou a completa imbecil em alguma parte, mais infantil, mais insegura, mais indiscreta, mais procuradora. E procuro como nunca, apesar de algumas vezes não achar e a coisa estar ao meu lado. Sou fresca, desastrada, impossível, faço que não vejo, faço que não ouço, faço que não falo. Sou muito simples de ser maleada, mas não manipulada, apenas um pouco aceitável.


“I have climbed the highest mountains. I have run through the fields. Only to be with you. I have run I have crawled. I have scaled, these city walls. Only to be with you. But I still haven't found what I'm looking for. I have kissed honey lips. Felt the healing in her fingertips, it burned like fire. This burning desire. I have spoke with the tongue of angels. I have held the hand of the devil. It was warm in the night. I was cold as a stone. But I still haven't found what I'm looking for.”

Um pouco para muito. Assim como amor, não se sabe muito sobre o que se sente, se vive, se ama, se concretiza e se neurotiza. Apenas um pouco para tentar não deixar complicado o que habita há tempos...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Deixe existir amor





Eu já cansei de escrever coisas pra você...




Minhas palavras parecem que já não fazem tanto sentido agora. Pelo simples fato de que já escrevi tudo o que poderia definir o que aqui dentro lateja. Não há nada mais para dizer, quando todas as palavras já foram arremessadas para o céu e não há mais como agira unilateralmente.


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Mas apenas o amor verdadeiro pode manter a ingenuidade




Tenho o orgulho de não compreender perfeitamente às ciências exatas, de ter um lado humano mais aflorado, apesar de ter encontrado o significado da palavra superação nos estudos de matemática. Talvez a genética ainda não tenha identificado se é transmuto as qualidades paternas e maternas para seus filhos em relação a “ter um lado mais desenvolvido do que o outro”. Sou filha de pais extremamente ligados às partes mais “frias” – cálculos, ligantes, contas e números sem fim. No mínimo que se espera é ter filhos, ou então alguma filha que saiba o básico e desenvolva essa parte matemática melhor. Porém, não ter o compreendimento completo sobre o que se esta estudando, vendo ou então tentando aprender sobre números, seja um tanto quanto frustrado pela expectativa de seus pais.

Confesso que nunca fui alguém que nasceu para os estudos, os tempos gastos com fórmulas, noites viradas estudando, tempos de resguardo para não sair fora do foco estudantil. Estudo o que eu gosto, desenvolvo o que me interessa (o que, particularmente não é certo), e quando alguma matéria não ia bem, eu ia “empurrando com a barriga”, e o pensamento de todo o jovem estudante: Daqui uns anos eu estarei estudando o que eu quero na universidade, e lá eu realmente estudarei. De certo modo, é uma premissa correta, todavia, ainda assim existam cadeiras universitárias que desagradam completamente.

Talvez realmente eu encontre cadeiras que me desagradam, mas para todo o mal que pode afligir uma carreia plena, ou então, quem sabe, quase plena. Ponho-me a escrever, seja o lugar que quiser, que puder e o horário que for. Apenas escrevo para tentar totalizar dentro de mim o que me constrange, me incomoda, se acomoda desejo e imagino, o longe, o perto, o que não faz sentido algum, o que é real aos olhos, as mãos. Sendo assim, é mais fácil escrever do que falar, observar do que argumentar. E meu bem, você me deixa horas a te observar, a tentar me observar mais, entender mais, para saber quem você é.

E naquele momento em que me olhavas, a centímetros de mim, ríspido, e fitava-me como nunca me olhara antes, meus olhos apenas queriam dizer que: Eu não acredito no que você faz. Não acredito no que diz. Não acredito que eu estou aqui. Não acredito que eu escolho as pessoas erradas para mim. Não acredito na minha incapacidade de amar. Mas, apesar disso, pelo modo em como me segura, eu só posso dizer que, mesmo com tudo isso ocorrido, eu só sei que te desejo, te amo e não me canso de te esperar.

Meu medo é tão desgraçado, às vezes me debruço chorando pelo o que eu sou. Outrora me peço indignada pelo o que deixei de ser. Talvez eu ame sorrindo, para não tragar da tristeza de esperar. Habita em mim o distanciar de duas almas, onde a estrada, injusta não se cansa de separar e de ficar cada vez mais longa. Há também os dias plenos, onde tentar não lembrar seria uma fórmula, para deleitar na cama pensando que deverias de estar ali comigo. Habita o cansaço de quem já batalhou, lutou e relutou por algo não conquistado e agora cansou também de apanhar. Mora em mim o espírito de não acabar com tudo. E apesar de naquele e nesse momento seus olhos parecerem me dizer que: Acabou! Não estamos mais juntos! Esse é o final! – Dentro de mim, eu lhe digo: Apesar de todas as tempestades me machucarem e me esfriarem. De o sol esquentar. E de eu ainda estar sonhando no dia em que eu serei tua, só tua. Digo que, eu ainda te amo, que te espero te aguardo e não ouço os teus sinais, mas eles virão, parar confirmar que: Não meu bem, ainda não acabou!



Quando essas loucuras do nosso amor
Pensarem em acabar
Eu te afirmo –
Muito amor ainda hei de te dar.

Lutando e continuando
Ainda ouço você respirar
Escutando e procurando
Em todo e qualquer lugar.

Rimas para dizer o que você sabe
E bem de longe custa acreditar
Espero que no fim entenda
O que há tempos tento mostrar.

Infantil, passional, puril, inocente
E não adianta me jogar de lado
Não basta me convencer do errado
Porque te amo cada vez mais ardente.

De amor eu sei o que dói
No amor eu sei acreditar
Da gentileza que me destrói
E do tempo que tenho a te esperar.

terça-feira, 2 de março de 2010

Quando o enjôo é amor.





Teoria para um embasamento maior de qualquer coisa que se quer entender, aprender, compreender, completar. Pois bem, para aqueles que não querem recorrer à prática com mais rapidez e dando uma supervalorização a ela, a teoria cai como luva. Para os mais experientes, a teoria oferece subsídios perfeitos para seguir, alternando prática com teoria. Para os que têm medo, teoria seria fundamental para encorajar o que mata por dentro, pela cabeça. Para o que falta atitude, teoria para alcançar maior objetividade. Uma teoria não só serve para ajudar a ver algo ou dar ênfase a ela. Teoria em si é uma especulação, mas não é algo óbvio. Teoria no seu sentido, deve ser fora da obviedade, complexa, envolvendo inúmeros fatores, e que não seja facilmente confirmada ou refutada. Teoria serviria para tantas coisas, e na sua mais saudosa vivência, a teoria se dá em variadas formas, vários modos. Teoria literária, científica, física, química.

Na teoria da amizade, a gente tem que constatar se, a possibilidade de sintonia esta existente entre todos os participantes. Se não esta, não há problemas com isso, apenas uma dificuldade maior para um entendimento completo e pleno. Na amizade, não basta apenas ou só chorar, ou só rir, ou simplesmente (como alguns fazem) não fazer nada – mais óbvio dizer que, eles deixam de fazer. Deve haver uma prática básica em, fazer os dois, em equilíbrio, praticando um certo altruísmo contínuo para não deixar cair na participação única de ser sempre o ajudado. Não adianta ser sempre o ajudado, porque nem sempre se necessita de um apoio, mesmo o mais dramático ser humano sabe que há um desvencilhar entre as partes, ou seja, as correntes se quebram quando menos se espera, principalmente quando cai na monotonia. Acaba-se também, quem sabe, por falta de compreensão entre todas as partes, ou algumas partes, ou uma parte. Uma teimosia, às vezes, é digna de quebrar um grupo, de iniciar uma separação. Não se deve concordar sempre, mas entender. Uma amizade é feita de todos os cuidados mais delicados, dos momentos mais intensos de risos, das magoas mais refinadas, das saídas mais engraçadas, das partidas mais dramáticas. Deve entender o próprio lado como entender duplamente o que se passa na cabeça alheia. Na amizade não basta ter a vontade de ser amigo, deve haver a flexibilidade de todos, a possibilidade, a paciência, a criatividade, e a parceria.

Na teoria da própria pessoa, tem que ter a paciência de não cair no esquecimento de si mesmo. Não se deixar levar pelo que não da certo, o que não aconteceu, o que aconteceu e se esvaiu, o que chegou a vir, o que morreu, o que caiu e o que supostamente quis ser. Na sua própria existência, a teoria básica é se abarcar. Entender-se para ver o que faz a sua vida ser ou querer ser vivida. Ver o que de fundamental há, o que faz bem, mal, o intermediário de uma razão. Na teoria do individuo, não basta apenas existir sem ter princípios básicos para seguir em frente, uma regra, uma lei, algo do gênero deve ser criado para ter como constituição legislativa própria. Uma lei nesse caso poderia ser: arriscar independente das conseqüências, mas sem perder as noções essenciais. Além disso, deve haver uma conexão entre o que se faz e o que se pensa, sem tentar burlar as noções básicas de uma sociedade já constituída. Outro ponto que deveria ser adicionado nisso tudo, é o fato de que se deve fazer o que se gosta, o que lhe faz bem, e o que é obrigação, instituído por você mesmo e o que lhe cobram (seria justo abrir exceções para o que cobram.).

Na teoria do amor, a tão mais complexa de querer entender, é mais prático iniciar com Clarice Lispector, que nos diz: Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós. Partindo disso, na teoria do amor, além de saber o que esta acontecendo com todas as sensações, deve ter a sensibilidade suficiente para entender o que se passa dentro do outro. Não deve haver apenas o interesse, apenas a disputa, apenas o desejo. Mas o desejo misturado com a boa vontade de descoberta recíproca sobre o alheio. Na teoria do amor, como muitos dizem, vale tudo. Mas não vale querer manter uma relação unilateral. Nesses amores, o principal é ser interessado em não estar preocupado com o tempo que passa, com os dias que chegam mais depressa, com o que passou a um tempo não muito distante. Deve estar atento as necessidades de ambos, porque na teoria do amor, não basta ser somente você – o único a desejar – mas a ter um consenso entre todos os lados. Apesar de que, na pratica o consenso nem sempre entra no acordo, por algum dos lados não querer expressar. Na teoria do amor, não esta somente única na vida, mas esta totalmente enlaçada com a teoria da relatividade, da preocupação entre outras. Nesse mundo, não adianta apenas ficar na agilidade, na prática, mas deve haver um momento de acalmar os ânimos e recolher-se para balancear o que se passa com você, quiçá no amor, nem sempre nos lembramos de pensar em nós, nos outros, ou em qualquer coisa. Porque levamos tão na manha, no jeitinho, que se perde.


... Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi à criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor






Escrevo porque nada mais me completa, porque nada mais me faz expressar. Escrevo por nesta forma tomo conta do mundo, da pessoa que eu quero criar. Escrevo porque simplesmente nesse mundo não há regras, não há ferida que não cesse, não há dia que tenha vinte e quatro horas. Escrevo porque é mais fácil escrever do que ter que falar pessoalmente qualquer coisa que eu sinta. Escrevo porque escrevendo vai se abrindo e descobrindo que cada palavra no papel, unida com outro ponto e letra, se torna a mais atraente forma de eu continuar dizendo que ainda tenho gosto por ti. Escrevo porque tem dias em que as palavras parecem não sair, e fica difícil passar que te amo. Escrevo porque seria mais complicado eu tentar resumir em poucas palavras o que toma conta há tempos. Só não te nego amor!



Meu bem, você me dá um nervoso que nem consegue imaginar. É um pleno rompimento de ar, um turbilhão de excitação e sensação de estar completamente bem enquanto o mundo pode desabar ao meu lado. Um querer, já pertencendo, e uma tal pertencida, enlouquecida, destruída, remoída, contorcida. Pertencente ao teu mais calmo respirar, ao mais doentio ódio crescente. Apenas tua.


Eu me lembro de algumas várias palavras trocadas, dos olhares, dos silêncios, dos que não foram, do que não se disse, do que calou para a eternidade julgar. Não quero ser obsessiva, mas é tão recente, um freqüente desacato a minha própria dor que não cessa, não obedece ao tentar deixá-la mais calma. E nem é a dor de coração partido, quebrado, destruído. Coração bomba. É a dor de esperar. Espera-se porque se quer. Sofre-se porque se querer. A boa nova, não sofro por ti, porque se sofresse seria algo ruim, somente se sofre por algo que dói, que machuca. E você, você não me machuca, não me olhas com jeito maldoso. Se me machucasse não te amaria. Apenas me ferem essas esperas. Essas buscas. Essas formas ininterruptas de ficar num silêncio contido.

Ah, esses silêncios, tenho um certo ciúmes deles. De eles ficarem tão perto de ti, juntinho a ti. Chega a ser estressante quando calamos. Calamos logo consentimos. Injusto ter que esperar por algo que se quer, não é injusto, chega a ser desmotivador. Mas pensando por outro lado, esperar por ti, é sempre algo tão emocionante, porque se fica na ansiedade de não saber o que vai ser, e de ficar dias deitada na grama imaginando que algo tão surpreendente pode acontecer. Nesses contos de fadas, às vezes a vida até se mistura. Seria interessante, um dia, quem sabe, contar para alguém que sua vida foi quase como um conto de fadas. Quase um clássico infantil, onde a gente primeiro se apaixonaria pelo que a pessoa é por dentro, o que faz dela aquilo tudo, e depois de um tempo, depois de ter realmente aprendido que primeiro o que vale é ser bem compreendido e resolvido consigo e com o outro, você vê o exterior.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade. Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um texto é para isso




Eu tenho sorte.


Simples assim. Eu sou sim uma pessoa de sorte. Sorte por ter tido a capacidade de lembrar que ainda há vida pós guerra, pós dia frio, pós amores perdidos. Sorte de ter levantado a cabeça sem tentar esconder os furos que me deixaram na dor. Eu tenho tanta sorte, pelo simples fato de ainda amar quem machucou, sem ter o medo de ser ferida de novo.

Quantas vezes a gente cai, tenta não sofrer tanto como normalmente se desmorona, e quando pensamos que esta tudo perdido e a solução se esvaiu de vez, parece que a luz ressurge no fundo de um minúsculo ponto de vida. Ficamos dias, meses ou até anos procurando por salvação, procurando por algo que faça jus a nossa estadia aqui, e nada encontramos. Até o mero dia em que desistimos de procurar, e algo vem de graça, na ponta dos dedos e faz uma mudança plena na vida. Uns vivem algum tempo, indeterminado, pensando agindo somente para si mesmo em busca de algo que se diz “conhecimento, autoconhecimento”, e fica no seu próprio mundo vendo o que lhe atrai mais, o que desgosta, o que faz sentido, o que mudaria e o que deixaria ali, intacto. Uma leva de dias somente para ver o que dentro de si habita, e o que faz alguma coisa mover tudo isso.

Quando essa sua estrada longínqua e teimosa acaba, sinceramente não há mais barreiras entre você e o que você era. Existem apenas novas fórmulas, sensos, discrições, pensamentos e uma tranqüilidade gritante. Que se torna irresistível aos olhares famintos de inveja dos outros, porque ninguém tem a coragem e a audácia de retirar um tempo pra si, parar de fazer o que gosta e o que o corpo material necessita, para unicamente viver o seu próprio sonho, mundo ou qualquer coisa que o seu espírito: infantil ou não, tranqüilo ou não, deseja vivenciar. Quero dizer que, é bom parar de fazer o que sempre se faz para ver que aquilo pode ser algo que não o faz bem, mas que você só faz isso por ser corriqueiro. Em determinada época, principalmente após os devaneios de perder, não lutar mais, fingir que esta tudo bem enquanto o mundo ai dentro morre, é bom tirar umas “férias” desses dias mundanos.

É bom se retirar da cidade, seja ela qual for, mudar, se refazer. E quando voltar, as mudanças são positivas, na sua maioria. Vejamos bem, há um tempo atrás eu fiz isso, um tipo de isolação quase discreta. Um ‘quase’ intrometido por fatos que nesse meio tempo ocorreram, que não são muito discretas, mas entram na parte de mudar-se. Mas chegando ao ponto onde se discute mais, no final de tudo isso, as coisas mudaram, não somente no exterior, como um entendimento interior um pouco maior de quando se cria isso. E cada vez que se sente vontade de parar e pensar, e ficar refletindo sobre algo, é tão mais fácil como parar agora, em meio a disputas e não conseguir entender nada do que os olhos enxergam e a cabeça tenta agir. É bom parar para se entender, para ver que dentro de si ainda pode haver um pouco de paz, e um refugio quando nada vai bem. Por experiência própria, o seu interno vai ser muito mais útil do que qualquer abraço amoroso pode dar, ou então quando você quer entender porque aquele abraço amoroso se foi e você nem sabe o porquê disso. Em tempos onde se chora, é mais interessante se tentar apaziguar criando outro objetivo ou foco, esforçando-se em outro motivo, do que parar e ficar se perguntando onde se errou ou o que aconteceu. Não se volta ao ponto, não se tem como modificar o já ocorrido.

A vida lhe da coisas de graça, e nem presta serviço cobrado, ela apenas deseja que isso lhe sirva para alguma coisa. Então depende de você, do modo e do que você deseja fazer com aquilo. Basicamente não se pára para pensar no que aquilo lhe serve ou então porque isso veio até ti. Às vezes, se torna tão complicado querer compreender o significado daquilo, que atiramos no esquecimento para não achar tão difícil ligar as coisas.

“De repente a dor de esperar terminou. E o amor veio enfim. Eu que sempre sonhei, mas não acreditei muito em mim. Vi o tempo passar. O inverno chegar. Outra vez mas desta vez todo pranto sumiu. Um encanto surgiu, meu amor. Você é algo assim...” Tem dias em que eu paro para pensar no que foi aquele tempo em que as coisas pareciam mais tranqüilas e que não havia tanta distância entre o meu corpo e o teu. E os meus olhos com os teus. Sabe, eu queria lhe dar trechos bonitos e poesias amáveis para tentar te fazer entender o quanto foi boa a tua vinda até mim, e que ainda te espero, que te aguardo no mesmo lugar todos os dias. Podes não me ver lá, mas eu estou sempre viva ao teu lado. Pode achar bobagem o que eu faço ou deixo de fazer, mas faço para esquecer que não estas comigo agora. Faço de tudo para te colocar junto a mim novamente. Escrevo livros, corro ruas, fujo, volto, me desdobro e vira louca. Não deixo de sorrir somente para te ter pertinho de mim de novo. Só para sentir o cheiro, lembrar do sorriso, das mãos. Não me importo se não és meu ainda, nesse momento, mas dentro de mim você sempre foi meu. E não vai demorar muito para ser de corpo e alma. Para me fazer largar esses meus sonhos de te querer e me deixar boba com a realidade de estar aqui, comigo. “Falou comigo mais de uma vez. Não, eu sei, não fui muito cortês. Com ele,não. Isso, porque ele mentiu, porque. Te ganhou e partiu. Porque o tempo consentiu. Ou se não porque. É tanto, é tanto. Se ao menos você soubesse. Te quero tanto. É tanto. Se ao menos você soubesse. Te quero tanto.”

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Se nas mãos estiver, deixe o tempo cuidar!




" Procure os seus caminhos,
mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o! "


Fernando Pessoa

sábado, 30 de janeiro de 2010

Pra esperar você, quero viver pra esperar você.





Porque nós só esperamos palavras, palavras que ajudem a confortar, que não sufoquem, que não machuquem, que não irritem e não façam totalizar um desespero já iniciado por um tempo não muito distante. Nós somente procuramos. Respostas, motivos, explicações, corpos, assuntos, experiências, dias, horários, telefones. Procuramos desesperadamente algo que complete, alguém que faça o que não fazemos por nós mesmos. Delicadamente e vorazmente procuramos por nós mesmo, e acabamos jamais achando. É tão difícil ver o que por dentro dessa pele habita. É mais fácil adotar uma rebeldia equivocada, do que uma busca diária e interina.

Acreditar que as coisas vão mudar de alguma maneira, acreditar que é o fim? A melhor opção é deixar ao vento. Largar, mas jamais deixar de acreditar! Pensando, vagando, e largando. Felizmente pode ser uma ótima oportunidade de entender que possa haver outros meios de obter o que se deseja, mas tem que ser verdadeiro.

Existem pessoas que a gente não precisa procurar motivos para saber por que elas entraram em nossas vidas, muito menos quanto tempo isso vai durar, simplesmente porque, independente do tempo, da distância, da diferença de idade ou qualquer coisa que possa ser um empecilho, elas são inesquecíveis. Elas conseguem fazer nossos dias ficarem mais interessantes, nossas tardes mais prazerosas e nossas noites mais alegres. Indiscutível ainda quando se mora sozinha. Existem fatos que nos atraem mais com umas do que com outras, que nos fazem ter relações mais significantes com uns. Não precisa ter a palavra certa, o jeito certo, muito menos saber se é a hora, basta pensar em algo com intenção amigável que isso tudo pode tornar remédio. Não precisa ser mentirosa, falsa, ou parecer ridícula para conseguir conquistar o coração alheio. Basta ter a capacidade de querer se compreender e compreender o próximo. Existem pessoas que não se precisa de muito tempo junto para saber o que ela é e o que esta mudando na sua vida, sua ação é tão incomparável que você começa a julgar o que as outras pessoas fazem para você, e não encontra razão para querer andar com eles, porque nela, essa pessoa que mudou tanto faz uma surpreendente diferença pra ti. Não se precisa de horas gastas, motivos, encontros, desencontros, surpresas, risos e perdições. Apenas é necessário olhar para alguém tão mais calado que você e tentar descobrir que ela é a verdadeira pessoa que você sempre esperou para você dividir tudo o que há na sua vidinha. E eu felizmente encontrei isso tão mais cedo que eu esperava. E assim eu espero jamais sair do meu redor, apesar de tudo eu sei que no meu coração você permanecerá.

To: My girls! hahaha