quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Não me venha com a dor de não ter sido o meu presente!





Eu não sei se você sabe, mas quando chega uma fase em que parece que nada conspira com você, nada esta a seu favor. Essas fases destroem o ser humano, arrancam pedacinhos lentos e mortais. Armas letais para o individuo que dele se apropriam. Nessas horas, dessas fases, eu tento me lembrar das épocas em que eu tinha mais sentimento interessante dentro de mim, que eu era mais humana, mas feliz, mais viva. De tantas as dificuldades que já me encontrei nessa minha pouca idade, não sei mais como eu estou viva, ou então, a forma que eu consigo me recuperar. Já pensei em desistir do que meu já é, só para não me perder na vida de desgosto. Já pensei em continuar para me auto afirmar, mas estou aqui porque ainda não encontrei nenhuma razão melhor para fazer algo diferente. Eu desejo infinitamente voltar para a casa dos meus pais, porque eu já não me agüento mais aqui, a minha pressão, a minha própria pessoa, porque tudo dentro de mim dói.



Tenho medo de cara lavada, de noites mal dormidas, de escuro total, de penumbra. Tenho medo de dias muito quentes, de arvores sem folhas, de ventos muito fortes e de barulhos estranhos. Abraça-me assim que possível. Tenho pavor de olhos caídos de ódio, de rostos penosos, de corpos machucados e mãos fracas. Tenho medo da vida que ainda não vivi, do tempo que ainda vem, dos amores que não se transformaram e das dores que ainda sentirei. Não suporto o som do vazio, o espaço entre dois corpos, a frieza da pele e o sentimento jamais trocado. Detesto a falta de compreensão, a ausência das palavras, a falta de consideração e o esperar do que prometeram. Não prometa o que não vais cumprir. Tenho medo do tempo, do que não cura, do que não adverte e do que não previne. Tenho medo do altruísmo completo, da decência efusiva, da efusiva dor de não ser o que é. Tenho receio de quem me compromete, de quem já não foi por medo, de quem se privou, de quem não sofreu e de quem calou e consentiu. Seja o que for, seja com o coração (seja sincero). Tenho temor de pernas que não ajudam, do sentimento que não colabora, do andar espevitado, do olhar traidor e do dia que não acaba. Tenho medo de estar sozinha nessas chuvas, de estar esperando por algo que já se foi, do tempo que não se esforça, do que não vejo, do que não sinto, do que não mexo. Tenho medo da falta de amor, da falta de esperança, da falta de fé, da falta de entendimento. Detesto ter que falar por pressão, a não iniciativa, a não colaboração, a não reciprocidade que era para ter.


Eu estou vagando por aqui, ali, lá longe, nas pedras que já não separam mais nada entre o chão e o mar. Eu sou o final do horizonte que nunca se enxerga, mas sempre se vê e ou imagina ele. Eu sou o que sinto, o que bebo, o que como, o que me transformo. Sou a incerteza de quem nunca tentou, a dor de quem já sofreu, a beleza de quem amou, os minutos de quem se entregou, e as palavras de quem não pronunciou. Eu estou escondida em cada gota de esperança, em cada grão de novos planos, em cada traço de futuro, em sentenças sem fundamento, em explicações embasadas na ilusão, em casos de amores únicos, em corações quebrados, em sangue derramado. Sou a dissolução de dor e espera, de amor e indiferença, de caminhar e não querer ir, de ter e querer, de ser e imaginar, de discernir e se atirar. Não sei ser a fórmula certa, a cura do machucado, o milagre dos cegos, o que desejam de mim, e o que me forçam a ser, o que me imaginam e o que tentam me construir, não sei ser a mentira. Estou na forma de dor, de probabilidade, de perspectiva, de visão, de futuro, de objetivo, de linha tracejada. Eu vou ir embora se o tempo deixar.


Não quero que sintas pena de mim, eu sou isso o que vês e não o que queres. De transformações eu sou uma mutante desdenhada. Não tenho linhas, limites. Não sou o que pode ser, sou o que eu quero e desenvolvo-me com as minhas dificuldades. Por mais de ser, eu sou humana, e a tua falta ou as tuas promessas não vão mudar a minha vida. Não mais, não vou cair nas tuas bobagens, cansei de ser o que os outros desejam. Não vou ficar aqui parada. E o tempo agora vai me ajudar. Pode tentar me esquecer, mas a impossibilidade será a companheira mais fiel que terás. Apagar-me da tua mente será impossível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não quero ter que me despedir de ti, sério.
Se em menos de uma semana tu já faz uma puta falta, imagina assim tão longe. :~
...mas tu sabe o que faz, meu anjo. ♥

Estarei aqui para te apoiar em tuas decisões.