terça-feira, 5 de abril de 2011

Caixa de felicidade






E quando a saudade é demais para o coração suportar?


Tenho-me sucumbido no amar, no querer, no estar perto o mais rápido possível e desejável. Tenho me contido no ódio da distância, no sofrer da solidão demasiada de cinco dias, no andar devagar, no querer que o relógio faça o tempo voar. Carrego toda a dor de casal separado pelas longínquas estradas, que os deixam sempre a ambicionar que retornem um para os braços do outro. Aguentar essa distância que corta a felicidade, que deixa o coração em pulos de saudade, que faz a lágrima correr mais grossa e lenta pelo rosto marcando os traços de tristeza. Do medo de estar longe e do que possa acontecer.

Deveria de ser proibido essa distância, essas quebras de felicidade amorosa. Mas tenho dentro de mim que essa história de viver separado por cinco dias e ver nos finais de semana pode ser saudável. Podemos aprender a conversar mais, a compreender mais, a lidar com a própria dificuldade de aceitar tudo isso, ser mais forte, ter mais auto controle, aprender a confiar e a se entregar.

Estou sofrendo de um mal de quinze dias. De aguentar quinze dias longe de quem eu amo. E não amor de primeira série, onde a gente só queria andar de mãos dadas. Mas amor de amar, de saber, de conhecer, de estar junto, de sentir saudade por estar longe por minutos, por querer bem, por sentir a felicidade só de olhar nos olhos, de simplesmente estar ao lado da pessoa. Amar no seu sentido mais gostoso e prazeroso. Amar de não lembrar-se do tempo lá fora, de querer descobrir o aqui dentro e estar contente pelos braços que me envolvem, pelo afago quando acorda, com o silêncio para o entendimento.

Minha doença dos quinze dias é sofrer de nervoso de querer estar junto e não poder, por uma mera escolha minha, que agora afeta, me desmorona e me machuca. Porém pode estar inclusa no aprendizado do se auto controlar e se conhecer. Pode assustar, mas pra quem já se conhece de algumas experiências e sabe no que pode interferir, sabe até o que vai acontecer. Na Ana, vai ser o nervoso, que vai afetar o estômago, vou chorar a semana toda, na quinta-feira vou tentar achar desculpas para não viajar, achar uma dor que me deixe em casa e que me faça voltar para o conforto. Algo que me pare, que me deixe aqui e não vá atrás do que eu sempre quis e imaginei, realizar sonhos musicais.


Paro e me pergunto: deveríamos de deixar alguns desejos egocêntricos de lado e viver a parte de amor?


É tão difícil deixar partir, ver quem se ama na sexta já sabendo que no domingo vai doer o seu peito, e o seu coração parecer que vai sair pela boca, e quando chega o domingo você não fala, não sabe bem ao certo o que está sentindo, se é angustia, nervoso, medo, mas a única certeza que você tem é de não querer que ele se vá, partindo, saindo, como se estivesse largando, com o sentimento de que demorara tanto tempo para o rever. E quinze dias parece um mês, e uma semana vira eternidade para uma distância que mata, que machuca, que fica doentia, que enlouquece até chegar o dia em que você o vê novamente, e no final de tudo, já sabe a vida cíclica que se desenrola, mas tudo é suportável quando o sentimento é bom, mas não tanto tempo que o faça esquecer da saudade, que a solidão afague, que o corpo não precise mais e que o coração esquece de tudo o que aconteceu e marcou por um minuto ou pela intensidade que qualquer um dos silêncios, abraços e simples segurar de mãos tenham deixado a lembrança de um momento que não poderia acabar. Por isso que se ama, para conseguir arcar com todas as viagens do destino, que nos colocam solitários por dias e depois, mesmo já conhecendo, sabemos que o tempo juntos pode deixar a mente boba, vivendo aquilo ali, que te deixa alegre e com o gosto de querer sempre mais.

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