terça-feira, 2 de setembro de 2008

Devil In Her Heart

Pensei que fosse algum tipo de raiva ou ódio mortal por ainda estar sentindo a mesma coisa e insistindo na mesma pedra para acertar sem razão. Talvez fosse um medo eloqüente, uma insanidade batendo sem trégua, uma vontade louca de gritar, um agito no peito. Mas era um vazio que invadia meus poros e me deixava com essa cara de quem não sabe o que sentir nem realizar o que sente. Uma solidão de andar em passos leves sem nada, com mãos presas na mesma calça e uma face caída pela dor de estar ali, sem reação para nada. E eu apenas queria saber se havia algo que eu pudesse sentir dentro de mim, algo que fizesse sentir-se viva. Porém não entendo o sentir, muito menos se algo, quando verdadeiro, ou com alguma tentativa de ser verdadeiro, invade o nosso ser. Nem eu sei ao menos o que quero que aconteça comigo, se nem na primavera consigo agora sentir o perfume floral na rua, nem o sol mais sabe brilhar a meu ver como antes. E esse vadio vazio me desumaniza. E é tristeza, misturada com medo com anseio com trauma com escuridão, nem surge mais luz dentro do peito. Ele não fornece nada, ele não tem nada para dar. Ele não recebe nada. Você tem a vontade de chorar, de lagrimejar até secar, de gritar, mas nada sai de dentro do seu corpo, e esse inútil vazio permanece ali, encostado na parede do coração, secando o resto de sangue e sugando os sentimentos que ainda restavam. Não resta nada dentro de mim, além de carne e osso. Eu queria tirar esse enorme rombo de dentro de mim, e cobri-lo para nunca mais aparecer, mas não há nada mais forte do que essa sensação de vazio.

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