terça-feira, 14 de outubro de 2008

Coração Deserto





E meu coração palpita cada vez que ouço aquela velha música, onde ninguém sabia o que dizer quando era tocada. Talvez o que realmente aconteça em mim seja a falta das tuas palavras e o calor dos verões passados. Descoberto nas cinzas das tristezas passadas, mas recoberto por novas ondas. Queria poder estar junto aos teus braços, e esquecer que a distância é algo que faz nossa cabeça. Pensamentos parecidos, dores semelhantes, mas uma enorme concentração de materiais diferentes. Opostos caminhos levados. Desejos diferentes, e isso podem ser o que me afeta, o que nos afeta. Ou então, o que verdadeiramente bate contra nós seja somente distância. Afáveis caminhos que antes eram perto de mim. Conhecimento que não demos conta enquanto estava juntos.

E eu que pensava que nada poderia dar certo em um tempo concreto. Mas os traços feitos são diferentes do que imaginamos, ou tentando inventar. Criamos barreiras para a desilusão não bater de frente, mas as ilusões são piores quando não há sabor de morangos na boca. E o que mais dói, é saber que não me olhas com olhos de amor. E a reação alheia sobre tudo o que passa em minha mente, é o constrangimento de estar ainda nessa mesma parte de um coração despedaçado. Despedaçado, não pela falta de amor, mas por amar em excesso, e isso mata, como qualquer força que não vá para o seu bem.

E se não houvesse barreiras nesse meio tempo? Se não houvesse distância que fosse maior do que tudo? Seríamos tímidos como as plantas são com as pessoas que as querem bem. E a cada pensar que crio, é uma parte indo-se para o léu, é uma vontade de não estar sentindo isso que passa dentro de mim. É a ambição de sufocar o que me mata, e fortalecer o que revigora depois de algum tempo. E as correntes que eram para ser amigas, viram e torcem os pés, e estão presos as coisas que não queríamos. Ou queríamos e não assumimos os desejos. Ansiaria por comandar em meu coração por algumas horas. E aspiraria não obedecer meu cérebro por um uns instantes, para conseguir não pensar, e tirar você de dentro de mim. Seria um alívio para meus olhos, não precisar mais enxergar o que me quebra e vira-me por lados em que é preferível não estar só.

E de solidão, somente meu coração sabe lutar contra, mas a vitória de não conseguir segurar-se mais é inevitável enquanto me vejo em frente a um paradigma de amar-te, ou apenas tentar esquecer o que realmente fez algumas tardes aquecerem-me durante rigorosos invernos que passei, e as dores nunca serão as mesmas depois de recobrir o furo que criaste em torno de uma fiel amadora de seus sentimentos e ilusões. Não é preciso viver para saber o quanto é doce estar ao seu lado e sentir o quanto é bom crescer em uma espinha ferida depois de uma guerra fria. E ainda lembro-me do nosso último abraço em meio a um turbilhão de medos e angústias misturadas.

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