sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tempo tempo tempo desapareça


Meu direito e dever perante a sociedade é...



... Estou cansada de ter que aturar e saturar pelos desaforos e crimes que a sociedade faz, extrapolando todo e qualquer ato de bondade com o individuo que se encontra ao seu lado. Não estou falando de crimes, homicídios, suicídio ambiental e afins. Estou apenas falando de coisa pequena, mas de tão minúscula para alguns e grandiosa para outros, os problemas cotidianos vem gradativamente crescendo e transformando-se em catástrofes que, quem sabe, podem chegar a ser um homicídio, suicídio algo ambiental. Porém, enquanto não chegamos à grande escala, continuaremos apenas a expor a tamanha indignação. Pelo principio de tudo, podemos argumentar de primeira mão que, o cotidiano esta cada vez mais estridente e árduo para todo e qualquer ser humano, aonde cada passo dado em vão é motivo para desgraças sem fim. Essa vida rotineira, bordada entre os carros e o tempo limitado tem cada vez mais consumido os bons e velhos costumes, dentre eles o de conseguir um tempinho mínimo para escrever ou ler, quem sabe, dependendo da cabeça.


Os problemas têm chegado com tanta freqüência em conversas e discussões. Entretanto os problemas não são os causadores de tudo, o mal por trás de tudo o que aflige a sociedade contemporânea esta intimamente ligada ao estresse dessa vida tumultuada. Onde buzinar é quase como dar um bom dia com sorriso, e, aliás, o sorriso já esta dispensável nos dias de hoje, o bom dia é quase que nulo, onde não há mais o ponto de exclamação, muito menos a vontade de pronunciar tais palavras. Não existem mais desculpas além de “não tenho tempo para isso... Não tenho tempo para aquilo...” – pais já não têm tempo para seus filhos, onde tais crescem sem ao menos saber e entender como os próprios pais eram acostumados a conversar e brincar. Não entendem como seus pais brincavam com seus avôs, e eles tinham tempo para isso. As meninas já não têm mais aquele tempo que passa em questão de segundos entre o flerte e o olhar. Não existe mais o tempo para dar as mãos e caminhar sem rumo. Tudo regrado, nesse mundo em que tudo é tão mais livre do que antigamente, onde não se há condições para hesitar com freqüência, o tempo consome todo e qualquer vestígio de prazer.


E isso, meu bem, são os problemas diários, porque reclamamos porque passou rápido demais, ou então não passou e o tempo esta custando a passar. E entra ano e sai ano, e no final de todos eles, sempre falamos – mais um ano se passou, e como passou rápido, quando menos vi já estávamos em dezembro... – e esquecemos totalmente de datas de números de amores. Por quê? Pelo simples fato de que o tempo esta voando, não estamos mais adaptados a correr contra o tempo e a única coisa que sabemos fazer e parar e chorar para que, algum dia, ele volte, ou então para que passe mais lentamente. Nesse emboscar todo de tempo e estresse, a única dor que sentimos é a da nostalgia batendo sem medo, e não é em vão que ela chega, e temos tempo para as doces recordações das coisas que não passaram rápido. Ultimamente o tempo tem passado tão devagar para mim. Mas é do ser humano controlar as coisas, e caio-me nessas de ficar reclamando que ele não passa, constantemente.


Entrando em outro assunto, mas condizendo com problemas, e os nossos problemas? Porque temos que aturar os problemas alheios e não aturamos os nossos? É tradicional o preocupar-se mais com o problema do companheiro que ao nosso lado se encontra, do que preocuparmo-nos com os nossos, porque o dele, meu Deus, sempre é mais interessante, ou tem prioridade. Ou então, todo o homem tem a necessidade diária de compartilhar sua própria vida para que alguém tenha pena dela. E como já dizia Mario Quintana, o pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com ele. Essa vontade de gritar sobre seus próprios problemas, para que alguém de grande experiência venha com uma luz em seu torno e diga a solução do problema, e não existem métodos fáceis para problemas difíceis, nem métodos simples para qualquer tipo de problema. Outro caso típico do ser humano pender a acreditar que o passado trará as respostas para o futuro, ou então lições para que aprendamos algo e usemos isso a nosso favor. Entrando friamente nesse passado de lições posteriores, creio em Machado de Assis, que nos disse - Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito. – e não adianta ficarmos lembrando e relembrando fatos passados para criarmos força para o futuro.


Casos e acasos, o nosso amigo e maior traiçoeiro tempo sempre rondando e cercando cada vez mais o nosso andar. Prendendo-nos a explicações mil e um pouco no carecer da alma liberta. Onde tudo precisa ser dito e o que foi dito precisa de cuidado, pois o tempo pode não deixar que isso se apague nas mentes.



“Dias sim, dias não. Eu vou sobrevivendo sem um arranhão. Da caridade de quem me detesta. A tua piscina tá cheia de ratos. Tuas idéias não correspondem aos fatos. O tempo não pára. Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não pára. Não pára, não, não pára. Eu não tenho data pra comemorar. Às vezes os meus dias são de par em par. Procurando uma agulha num palheiro.”

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