quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Caminito




Ah! Sempre é bom rever Buenos Aires, aquela coisa bucólica, que dá uma vontade de não parar de ouvir mais tango quando se volta. E as ruas, as casas, tudo lá revive e sobrevive. Entre meios de protestos, panelaços e qualquer outro quebra-pau que lá aconteça, Buenos Aires continua linda por igual. E entre os bares e as praças, um copo e outro, ainda me vejo admirando cada vez mais a terra da rivalidade brasileira. Eu ainda não entendo essa constante briga entre Brasil e Argentina, que na realidade, é mais Brasileira do que Argentina. Mas enfim, continua a mesma coisa.


Pois bem, na bem da verdade, não era bem sobre Buenos Aires que gostaria de falar, mas sim sobre a quanta nostalgia ela me passa. Nunca vi uma cidade que me passasse tantas coisas velhas ao mesmo tempo, e recordações tão grandiosas, algumas coisas já esquecidas na mente, que, quando coloco o pé lá, me vem tudo de volta. Não sei se choro, se fico rindo, se apenas fico parada, e momentaneamente sem reação, mas em algum estado tenho plena certeza que fico. E tudo fica, e vai e volta em pouco tempo. Gosto desses instantes de nostalgia intensa, essas reviravoltas na mente. É bom poder e ter a chance de relembrar algumas coisas, boas ou ruins, porque nem tudo são mares de rosas na vida de algum humano, sempre há algo errado, que incomode.
Lembro-me de tantas coisas, e me recordo o momento exato da primeira vez que fui a Buenos Aires, foi algo muito surreal, e sem qualquer tipo de palavras, até porque o espanhol não é algo que eu goste de incorporar, não disse nada, não hesitei, não movi nem locomovi. A segunda vez foi como primeira vez melhorada, não descartando a possibilidade de a primeira ser maravilhosa, mas havia algo muito melhor nessa segunda vez. Algo mais do que inteiriço e significativo (que algum tempo depois, especificamente dois anos, se transformou em bagunça mental generalizada), algo que encheu. E a terceira, bem a terceira foi para esquecer, mas como a volta foi só para relembrar o que de ruim aconteceu e de chorar as magoas por tudo que, de não concreto deu errado, foi só pra viajar mesmo. Ou ver a diva pop, ou qualquer outra resposta sem ser de lovers nightmare! E literalmente falando sobre pesadelos amorosos, melhor nem entrar no mérito de amores, nunca dados certo mesmo, melhor deixar no fundo do poço. Mas que uma paixão latina transborda sobre Buenos Aires, ah sem dúvida isso acontece e surge de repente, entre um show de tango em plena Avenida de Mayo, ou um palanque em frente à casa rosada.
E infinitamente, nunca me canso daquele lugar, daqueles argentinos, daquela falta de educação total que somente lá existe, e o transito caótico, e qualquer outro tipo de coisa que lá existe, mas isso tudo não consegue apagar todo o brilho daquela cidade, que não é de luz, não é cinzenta, mas é das casas velhas, das reconstruções, dos amantes latinos, das paradas obrigatórias.

‘Por una cabeza, todas las locuras. Su boca que besa, borra la tristeza, calma la amargura. Por una cabeza, si ella me olvida qué importa perderme mil veces la vida, para qué vivir.’

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