terça-feira, 13 de outubro de 2009

In my bed!





Eu sou a chuva, o frio, à noite, as estrelas, e tudo o que lhe faltar durante os dias. Tenho sido os passos que vagam por essas ruas sem rumo. Tenho sido a paciência que o tempo jamais dá uma ajuda. Tenho sido o anseio para a cura de um coração já morto, que o mesmo tempo delonga essa dor. Tenho sido a dor de estar cada dia mais velha. Tenho sido a frustração de não saber o que fazer nessas tardes frias, e nas noites quentes, e nos tempos de confusão mental. Tenho sido a amargura dos tempos antigos, o consolo do presente e a esperança de um futuro próximo. Eu sou a voz que sussurra na noite, o calor dos abraços, o salgado da lágrima, a unha que arranha. Tenho sido o atormentar de uma alma sedenta. Tenho sido o desabrochar de um sonho. Tenho sido a evolução de uma mente. Tenho sido o dedilhar de uma nota só. Tenho sido o sol que vai embora. Tenho sido o suor da aflição. Tenho sido o latejar de uma ferida. Eu sou o barulho das folhas caindo, o arrancar do carro, a barreira móvel e insolente.


Eu sinto uma tristeza profunda, um chamar na esperança fictícia, uma platônica paixão fervorosa. Eu sinto uma felicidade, mas não é a felicidade de sorri, e a felicidade de tapar a tristeza. Eu sinto essa tampa saindo devagar e deixando os vultos negros saírem. Eu sinto uma dor no peito, uma comichão nas costas, e um pesar na cabeça. Eu sinto um latejar da alma, um impulso para melhorar, um dia mais tranqüilo. Eu sinto o corpo cansar, o corpo pedir socorro. Eu sinto o coração morrendo, sangrando, ardendo. Eu sinto o ar nos pulmões. Eu sinto o ar sendo puxado cada vez mais forte. Eu sinto os braços pesados, e encostando-se ao sofá. Eu sinto as pernas longas, onde não há mais lugar para elas. Sinto-me longe, desproporcional, desajeitada. Talvez eu sinta, e sentindo me sento para não sentir mais tanto. Perco-me nessas sensações e sentimentos. Nessas fricções, nessas voltas e em volta do próprio andar.


O que eu desejo é a claridade do amanhecer nos olhos. Desejo roupas macias. Desejo dias com mais sol, um ventinho gostoso, e uma noite que congele. Desejo mais abraços, mais beijos, mais aflições de amores chegando. Desejo uma cama fofa, um copo de água gelada, um travesseiro aconchegante. Desejo pessoas mais calmas, com mais almas. Desejo dias mais estupendos. Desejo seres mais humanos, amores mais insanos, e carinhos mais reais. Desejo mais verdade nas palavras, mais sentimento nos ouvidos. Desejo mais corações vorazes e reais. Desejo os teus braços, os olhares, os dedos. Desejo mais brilhos nos olhos.


Eu sou a estrela da noite, o gritar da ventania, o carecer da chuva no sertão, o excesso de sol no verão, e a dor de uma mãe sem filhos. Eu sou a força das paredes de pedra, a frieza da água gelada, a falta de piedade dos brutos, e a meiguice das crianças. Eu sou o silenciar de uma noite de sono, o gozar do enrolar de pés, o chorar da noiva sem par. Eu sou o pó que imunda a mesa, a demora de quem espera, a distração de quem ama. Eu sou o que gruda na pele, o que amassa de forma delicada. Eu sou os dias, as noites, as tardes ensolaradas, e as chuvas tempestivas. Sou o que o momento me deixa ser e o que as pessoas fazem comigo e de mim, na surpresa e no avassalar de um tempo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Ana, que post mais lindo. *-*

Dayany Zadorasny disse...

te superou em bananinha???
to orgulhoooooooosaaaa
essa é miinha meninaa!!

Devoto de murphy disse...

volta...